O presidente Michel Temer decidiu
encampar a proposta da equipe econômica e implementar uma reforma
tributária em etapas por meio de duas medidas provisórias e uma
resolução do Senado.
A ideia é começar alterando as regras
da contribuição para o PIS neste mês e mudar a legislação da Cofins
até junho, por meio de medidas provisórias enviadas ao Congresso.
Com a medida provisória, a intenção é acelerar a entrada em vigor
das regras.
O objetivo do governo é simplificar as
regras dos dois tributos, mas sem alterar a carga tributária, para
preservar ao máximo a arrecadação.
Em 2016, o PIS representou cerca de 4%
da arrecadação federal. A Cofins, 16%.
Para evitar choques na arrecadação, a
equipe econômica decidiu priorizar o PIS.
Hoje, existem cerca de 30 alíquotas
para o PIS porque, desde 2002, quando ele sofreu uma reforma,
diversos setores pressionaram o governo para recolher menos.
O que está em estudo neste momento
pela equipe econômica é a definição de duas novas alíquotas para
substituir todas as outras.
O governo fará um teste inicial para
ver o que acontecerá com a arrecadação depois de implementada essa
medida. Só então tratará da Cofins, que também deve passar pela
simplificação de alíquotas.
Outra proposta é estender para todos
os contribuintes a possibilidade de geração de créditos tributários
de PIS/Cofins na compra de insumos. Hoje, isso só é possível para
uma parcela dos contribuintes, com regras consideradas confusas e
que geram contestações na Justiça.
Caso as medidas tributárias sejam
implementadas integralmente, estima-se que o PIB ficaria 5% maior
(em valor) ao longo de uma década.
"A intenção [da equipe de Temer] é
positiva", diz o economista Bernard Appy, diretor do CCiF (Centro
de Cidadania Fiscal) e ex-secretário de Política Econômica durante
o governo Lula.
Um estudo do CCiF mostra que o PIB
poderia ser 10% maior em uma década caso o governo fizesse uma
reforma ampla do sistema tributário.
ICMS
No segundo semestre, o governo quer
iniciar a reforma do ICMS priorizando o combate à chamada guerra
fiscal.
O governo deve enviar ao Senado uma
proposta para reduzir as alíquotas cobradas nas operações
comerciais entre os Estados para 4%. Hoje, essa alíquota é de 12%
para quase todos os Estados do Sul/Sudeste. No Norte, Nordeste,
Centro-Oeste e Espírito Santo, ela é de 7%.
Para o secretário de Fazenda do Rio
Grande do Norte e coordenador do Confaz (conselho dos secretários
estaduais), André Horta, para levar a ideia adiante, o governo terá
de compensar os Estados que serão mais prejudicados com a queda na
arrecadação.
A ex-presidente Dilma Rousseff tentou
levar essa medida adiante e pensou em criar um fundo com dinheiro
público. "Há dinheiro?", questiona Horta. "O deficit do governo
federal é grande. Naquela época [governo Dilma], os Estados estavam
em boa situação financeira. Mesmo assim o projeto não
passou."