Os economistas das
instituições financeiras elevaram marginalmente sua estimativa para
o crescimento da economia brasileira em 2017 e
2018.
As expectativas do mercado
financeiro foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e
divulgadas nesta segunda-feira (6) por meio do relatório de
mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem instituições
financeiras foram ouvidas.
Para o Produto Interno Bruto
(PIB) de 2017, o mercado financeiro elevou a previsão de um
crescimento de 0,48% para 0,49% de alta.
O governo estima uma alta de 1%,
mas o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já confirmou que
deverá revisar este número para baixo.
O PIB é a soma de todos os bens
e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de
quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia
brasileira.
Em 2015, houve uma contração de
3,8%, a maior em 25 anos. O resultado de 2016 ainda não foi
divulgado pelo IBGE, mas a previsão do mercado é de um "tombo"
próximo de 3,5%. Essa será a primeira vez que o país registra dois
anos seguidos de retração no nível de atividade da economia – a
série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
Para 2018, os economistas das
instituições financeiras subiram sua estimativa de expansão do PIB
de 2,37% para 2,39%.
Para o comportamento da inflação
de 2017, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), o mercado manteve sua previsão estável em 4,36% na semana
passada.
Com isso, manteve a expectativa
de que a inflação deste ano ficará abaixo da meta central, que é de
4,5%. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN) e deve ser perseguida pelo Banco Central, que para isso eleva
ou reduz a taxa de juros (Selic).
A meta central de inflação não é
atingida no Brasil desde 2009. Naquele momento, o país ainda sentia
os efeitos da crise financeira internacional de forma mais intensa,
que acabou se espalhando pelo mundo. A piora da crise financeira
veio após o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman
Brothers, em setembro de 2008.
Pelo sistema vigente no Brasil,
a meta de inflação é considerada formalmente cumprida quando o IPCA
fica dentro do intervalo de tolerância também fixado pelo CMN. Para
2017, esse intervalo é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para
cima do centro da meta. Assim, o BC terá cumprido a meta se o IPCA
terminar este ano entre 3% e 6%.
No ano passado, a inflação ficou
acima da meta central, mas dentro do intervalo definido pelo CMN.
Já em 2015, a meta foi descumprida pelo BC - naquele ano, a
inflação superou a barreira dos 10%.
A previsão de que a meta central
será atingida neste ano está relacionada com a forte recessão,
embora indicadores comecem a apontar para uma melhora do nível de
atividade nos últimos meses. Mesmo assim, o desemprego e a
inadimplência permanecem altos.
Para 2018, a previsão do mercado
financeiro para a inflação permaneceu estável em 4,50%. O índice
está em linha com a meta de inflação do período (4,5%) e também
abaixo do teto de 6% para o ano que vem.
O mercado financeiro manteve sua
previsão para a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 9,25%
ao ano no fechamento de 2017 - ou seja, continua prevendo queda dos
juros no decorrer deste ano. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao
ano.
Para o fechamento de 2018, a
estimativa dos economistas dos bancos para a taxa Selic continuou
em 9% ao ano. Com isso, estimaram que o processo de corte dos juros
terá continuidade no ano que vem.
A taxa básica de juros é o
principal instrumento do BC para tentar conter pressões
inflacionárias. A instituição tem de calibrar os juros para atingir
índices pré-determinados pelo sistema de metas de inflação
brasileiro.
As taxas mais altas tendem a
reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o
controle dos preços. Entretanto, também prejudicam a economia e
geram desemprego.
Câmbio, balança e investimentos
Na edição desta semana do
relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de
câmbio no fim de 2017 permaneceu em R$ 3,30. Para o fechamento de
2018, a previsão dos economistas para o dólar ficou estável em R$
3,40.
A projeção do relatório Focus
para o resultado da balança comercial (resultado do total de
exportações menos as importações) em 2017 recuou de US$ 47,6
bilhões para US$ 47,3 bilhões de resultado positivo. Para o próximo
ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit
permaneceu em US$ 40 bilhões.
A
projeção do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros
diretos no Brasil em 2017 permaneceu em US$ 72 bilhões. Para 2018,
a estimativa dos analistas recuou de US$ 73,5 bilhões para US$ 72
bilhões.