Mercado segurador no Brasil oferece
desde o ano passado produtos que facilitam acionamento de apólice
em caso de prejuízos
O volume de indenizações pagas pelas
seguradoras que atuam no segmento agrícola no país aumentou 87% em
2016, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep)
fornecidos pela Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenaseg). Os
prêmios superaram a marca de R$ 1,3 bilhão em 2016, contra os R$
700 milhões registrados em 2015. Motivo: quebras de safra
decorrentes de adversidades climáticas provocadas pelo fenômeno
climático El Niño.
Os seguros agrícolas cobrem danos
decorrentes de eventos climáticos como granizo, geada, chuva
excessiva, ventos fortes, incêndios, queda de raio, seca, inundação
ou não germinação por fatores externos (com exceção de pragas ou
doenças). Para que o produtor rural seja indenizado, é necessário a
perda da safra (total ou parcial). No entanto, o mercado
internacional já trabalha com um produto mais arrojado que o seguro
rural e que independe da ocorrência de sinistro para pagamento de
indenização ao segurado.
Trata-se do chamado Seguro Paramétrico
ou Parametrizado, produto que funciona através da estipulação de
índices ligados a fenômenos climáticos, ao invés de avaliações
objetivas das perdas sofridas, para calcular o pagamento de
indenizações. Ele é voltado para setores da economia que têm
receitas e custos de operação diretamente impactados por variações
inesperadas no clima, como é o caso das empresas de geração de
energia elétrica com fonte renovável e dos grandes players do
agronegócio que são afetados pelo regime de chuva, vento, sol e
temperatura.
“Este produto não depende da
materialização de um sinistro para a efetiva indenização. Ele
funciona da seguinte forma: é estabelecido uma faixa nos índices a
serem estipulados (seja incidência de luz solar, índice
pluviométrico, faixa de velocidade de incidência de ventos, etc.)
e, se ocorrer variações fora desta faixa, o segurado é indenizado.
Ou seja, se chover de menos e uma plantação não produzir o
esperado, o segurado terá direito a indenização de maneira muito
mais eficiente, já que o que se cobre é a perda de produtividade e
não o prejuízo com a seca ou excesso de chuva), explica Caio Timbó,
diretor da LTSeg, corretora especializada em seguros e avaliação de
riscos e responsável pela gestão diversas apólices de seguro
destinados aos produtores rurais.
“O mesmo paralelo pode ser traçado
numa turbina ou parque eólico, onde espera-se uma incidência de
vento “X”, e sendo inferior, menos energia elétrica é gerada e
menos lucros na operação”, continua Timbó
Para a implantação do seguro
paramétrico é necessário adotar uma metodologia mais sofisticada de
análise de riscos. “Nesse contexto entra a expertise e experiência
do corretor, que tem o papel de customizar o produto segundo o
perfil de cada cliente. Cabe ao corretor, junto com o cliente,
analisar quais efeitos climáticos estão impactando o fluxo de
caixa, seja de custos ou de receitas da empresa, e como isto afeta
a operação ao longo do tempo. Cabe ressaltar também a expertise da
CIA Seguradora, uma vez que este produto tem muito know how de
experiências vividas em mercados internacionais, e as empresas que
o comercializam são muito restritas e quase sempre utilizando
capacidades lastreadas em resseguro”, afirma Caio Timbó.
O diretor da LTSeg enfatiza que uma
das principais vantagens oferecidas por este tipo de cobertura é a
de não ser necessária a avaliação dos danos por parte de peritos,
facilitando o processo de regulação de ocorrências. “Se o índice
acordado entre as partes for atingido, a apólice é ativada. Assim,
a indenização pode ser utilizada pela empresa para restabelecer seu
fluxo de caixa e financiar medidas de reação de seu negócio. Por
isso, a contratação do paramétrico é eficiente para as companhias
”, finaliza Timbó.