Parâmetros uniformizam o conhecimento médico e respeitam o direito da mulher à informação
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Governo Federal anunciou nesta quarta-feira, dia 08, as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal – Portaria nº 353 publicada, em 14/02/17, no Diário Oficial da União. O objetivo é uniformizar o conhecimento e orientar as mulheres, os profissionais de saúde e os gestores, nas esferas pública e privada, quanto à indicação, conduta e acompanhamento do parto normal no Brasil, com foco na saúde da parturiente e do bebê.
“A FenaSaúde está engajada nesse causa que humaniza o parto normal e que resulta em mais respeito ao direito da mulher à informação, o que trará como consequência a diminuição de intervenções consideradas desnecessárias. Essas diretrizes corroboram no sentido de desmitificar determinados mitos que desestimulavam as mulheres a realizar o parto normal, que, por sua vez, traz menos riscos à saúde da mãe e do recém-nascido. Vale ressaltar que todo esse conteúdo foi respaldado nas mais recentes evidências científicas”, afirma Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da Federação Nacional da Saúde Suplementar (FenaSaúde).
A partir de agora, todas as maternidades, casas de parto e centros de parto normal devem incorporar medidas para tornar o atendimento mais humanizado, tais como: liberdade de posição durante o parto; dieta livre, com o fim do jejum obrigatório; presença de doulas e/ou acompanhante; respeito da presença da família e intimidade da gestante; métodos de alívio da dor, como banhos quentes, massagens e imersão na água; direito ao uso da anestesia e a replicação dela; contato pele a pele imediato da mãe com a criança após o nascimento; estímulo à amamentação; e evitar a separação de mãe e filho na primeira hora após o nascimento para procedimentos de rotina, como pesar, medir e dar banho.
Da mesma forma, devem ser evitados métodos considerados desnecessários, a depender do caso, como cesárias; episiotomias (corte no períneo); uso do hormônio ocitocina para acelerar a saída do bebê; aspiração do nariz e da faringe do recém-nascido; técnica conhecida como “manobra de Kristeller”, quando se pressiona o útero da mulher para ajudar na expulsão da criança; uso do fórceps; lavagem intestinal antes do parto; raspagem dos pelos pubianos; rompimento da bolsa; e corte precoce do cordão umbilical (os médicos deverão esperar de 1 a 5 minutos ou até cessar a pulsação).
“Este documento, em conjunto com as Diretrizes de Atenção à Gestante: A Operação Cesariana, trará mais confiança a gestante e aos profissionais de saúde na hora de decidir qual a melhor indicação para o nascimento do bebê”, avalia Vera Sampaio, gerente de Regulação de Saúde da FenaSaúde. As diretrizes, ainda, foram postas em consulta pública, com 396 contribuições, sendo 84% feitas por mulheres.
A iniciativa foi de responsabilidade da Coordenação Geral de Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, para a qualificação do modo de nascer no Brasil. As diretrizes foram formuladas por um grupo multidisciplinar composto por médicos obstetras, de família, neonatologista, anestesiologista e clínicos gerais; e enfermeiras obstétricos, além de representantes da FenaSaúde.
PARTO ADEQUADO – As recomendações sobre os partos normal e cesárea tentam diminuir o elevado número de cesarianas no país. Além desses parâmetros estabelecidos, outras iniciativas como o projeto Parto Adequado – ação da Agência Nacional de Saúde Suplementar em parceira com o Hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement – obtêm resultados positivos na redução de cesáreas desnecessárias e melhora o atendimento a gestantes e bebês.
Em 18 meses do projeto, houve aumento de 40% da taxa de partos normais entre os 35 hospitais participantes. Foram evitadas mais de 10 mil cesáreas sem indicação clínica, e 400 recém-nascidos deixaram de ocupar a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Mas o caminho ainda é longo. Atualmente, o Brasil é líder em partos cirúrgicos no mundo. A cada dez partos realizados em maternidades particulares no país, 8,5 são cesáreas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 1,5.