Decisão ocorreu em assembleia realizada
nesta quinta-feira (30). Associação diz que interrupção se dará em
esquema de rodízio.
Os médicos do Estado de São Paulo decidiram nesta quinta-feira (30)
paralisar, em sistema de rodízio, o atendimento de dez planos de
saúde, dentro de 30 dias. A assembleia estadual que tomou a decisão
ocorreu nesta quinta-feira (30) na sede a Associação Paulista de
Cirurgiões Dentistas (APCD), com participação da Associação
Paulista de Medicina, Cremesp, sindicatos, academias e sociedades
das 53 especialidades médicas. A FenaSaúde, que responde por três
dos planos atingidos, diz que ”suas afiliadas estão entre as
operadoras que melhor remuneram os médicos”.
A suspensão do atendimento se dará, de acordo com a Associação
Paulista de Medicina (APM), inicialmente no esquema de rodízio de
sequências de especialidades médicas, no qual cada especialidade
para de atender em uma determinada semana durante três dias. São 53
especialidades médicas. O esquema de rodízio, segundo a APM, se
dará por tempo indeterminado até que os planos apresentem
propostas, já que os médicos permanecem abertos à negociação. As
urgências e emergências não vão sofrer interrupções, de acordo com
a associação.
Segundo o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM),
Jorge Curi, a decisão é decorrente de tentativas frustradas de
negociações com as operadoras de saúde. “Essa foi a [assembleia]
mais aberta, onde se convidou todos os médicos para tomar uma
deliberação. Depois do dia 7 de abril, foi dado um tempo de 2 meses
para que as operadoras fizessem proposta de reajuste, com a
sensibilidade de recuperação gradativa de valor. As que
apresentaram proposta vamos continuar atendendo, as outras vamos
ter que paralisar pontualmente. Mas continuamos abertos a
propostas”, disse.
De acordo com ele, em torno de 110 mil médicos atendem o Estado São
Paulo e metade deles por meio de planos. Curi defende que existe
uma defasagem nos valores do pagamento das operadoras aos médicos.
“Existe uma defasagem grande de 10, 12 anos de pagamento dos
planos aos médicos. Houve uma inflação de 150% nesse período e as
consultas ou não foram reajustadas ou, quando foram, essa
porcentagem foi de até 60% para consultas e de até 40% para
cirurgias”, disse.
Segundo ele, a categoria não quer prejudicar os usuários. “Os
médicos ficam inviabilizados de atender. Queremos uma ação
controlada para não haver tantos danos à população. Já existem
danos, nas marcações de consultas e cirurgias, por exemplo”,
disse.
De acordo com Curi, no estado, pelo menos 15 milhões de pessoas têm
plano e em torno de três milhões desses usuários vão deixar de
serem atendidos parcialmente. “Hoje um médico recebe entre R$ 25
e R$ 40, ou até menos por consulta. Pedimos R$ 80 a R$ 100, não de
forma imediata, mas em uma progressão. Ninguém consegue manter um
consultório com esse valores de hoje”, afirmou.
Os planos que terão atendimento paralisados são: Gama Saúde, Porto
Seguro, Intermédica, Green Line, Notredame, ABET (Telefônica),
Caixa Econômica Federal, Cassi (Banco do Brasil), Companhia de
Engenharia de Trafego (CET) e Embratel.
Operadoras de saúde
Em nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que
congrega 15 dos maiores grupos de operadoras de planos de saúde, de
um total de 1.420 operadoras em atividade no país, afirmou: "A
Federação vem participando ativamente dos fóruns de debates sobre
honorários médicos, liderados pela ANS, e também das câmaras
técnicas da AMB (Associação Médica Brasileira) e reitera a
confiança nas lideranças médicas e no conjunto dos milhares de
profissionais que escolheram integrar a rede credenciada de
prestadores médico".
A Federação responde, entre os planos que terão atendimentos
paralisados, por Intermédica, Notredame e Porto Seguro.
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