O diretor de normas e habilitação de operadoras da
ANS, Leandro Reis Tavares, respondeu perguntas sobre novo rol de
procedimentos, pequenas e médias operadoras, custos e
tecnologia

Na última sexta-feira, (19), o diretor de normas e habilitação
de operadoras da ANS, Leandro Reis Tavares, participou de uma roda
viva com profissionais do setor da saúde. O encontro foi realizado
no 16º Congresso Abramge e 7º Congresso Sinog, em São Paulo. Entre
os participantes estavam presentes: a presidente da Unidas,
Denise Brito; a supervisora institucional da Proteste, Pollyana
Carlos Silva; o presidente da FenaSaúde, Marcio Serôa de
Araújo Coroliano; o presidente da Abramge, Arlindo de Almeida;
Presidente do Sinog, Carlos Roberto Squillaci.
Denise Brito, presidente da Unidas
Tema: Situação particular das pequenas e médias
operadoras
Atualmente existe uma realidade onde a regulação tem
favorecido para que pequenas e médias operadoras tenham uma
operação semelhante a uma grande operadora. Todos os segmentos
apresentados propostas de como conduzir. Você conhece essas
propostas e como é a condução do assunto pela agência?
Resposta: Esse assunto é motivo de debate e de
atenção para a ANS. Eu entendo a insatisfação das pequenas e
médicas empresas, mas acho que a regulação é bastante homogenia e
pelo principio de isonomia ela atinge todas as operadoras. Apesar
disso, montamos um grupo de estudo da saúde suplementar e temos
ciência de tudo que foi apresentado pelas entidades de
representação dessas operadoras de plano de saúde. E, na próxima
reunião da diretoria colegiada, já será apresentada uma análise
preliminar da situação do setor. O objetivo é desonerar a
burocracia para que essas operadoras possam liderar sua força
operacional e cuidar do paciente.
Pollyana Carlos Silva, supervisora institucional da
Proteste
Tema: Novo Rol de Procedimentos
Perguntas: As operadoras reclamam que os novos
procedimentos incluídos no novo rol da ANS encarecendo os novos
contratos impedindo que os novos consumidores tenham plano de
saúde. O que a agencia tem a dizer sobre esse impacto do rol de
2010 e existe algum estudo da para facilitar o acesso dos
consumidores das classes C e D aos planos de saúde?
Resposta: O consumidor é hoje um foco da ANS.
Entendemos que o rol de procedimentos não tem como se portar de
forma diferente. Oferecer inovação tecnológica é um dos componentes
que formam a qualidade subjetiva percebida pelo consumidor, razão
pela qual o consumidor opta por desembolsar investimento para
adquirir plano de saúde. A gente entende que a não atualização
desse rol é uma negação da razão pela qual o setor passou a existir
na nossa sociedade. Da mesma forma, entendemos que essa atualização
de rol implica custos. Do ponto de vista de inclusão das classes C
e D. Mais do que qualquer ação específica da agência quanto ao
consumidor, devemos ter ações quanto ao setor. Para que tenha
capacidade de fazer propostas de negócios que contemplem planos
para as diferentes classes sociais. Estamos estimulando dentro das
resoluções normativas a necessidade da responsabilidade da
operadora pela saúde do consumidor, por meio da promoção de saúde,
vai qualificar o setor para que mais pessoas possam ser
incluídas.
Marcio Serôa de Araújo Coroliano,
presidente da FenaSaúde
Tema: Custos e Tecnologia
Dados mostram que existem diferenças entre custos
assistenciais e a capacidade de pagamento da população. Os modelos
de todos os países lidam com isso ou pela fila, pela seleção do
acesso ao tratamento de alguma forma. O que a ANS pretende fazer em
para disciplinar a tecnologia que encarece o custo?
Resposta: Tentar delimitar o rol de acessão que
permita um atendimento adequado à população, mas que não inclua
procedimentos em saúde que não tenham comprovada eficácia e que não
tenham uma distribuição nacional que seja adequada a inclusão
daquele procedimento. Esse descompasso se da de forma mais
pronunciada quando não há responsabilidade em cuidar pelos órgãos
que devem atender adequadamente o consumidor. O setor da saúde
brasileiro é publico e o sistema de saúde é unificado sob a
tecnologia do SUS. Associado a essa questão da saúde ser publica a
ANS adotou medidas que buscam a responsabilização das operadoras
pela saúde do consumidor.
Arlindo de Almeida, Presidente Abramge
Tema: Flexibilização de valores
Há a possibilidade de alguma flexibilização na parte de
reservas de garantias dos recursos existentes para aplicação em
alta tecnologia, leitos etc. Se há alguma possibilidade nesse
sentido de tal maneira que possa usar os recursos, uma vez que
somos prestadores de serviços?
Resposta: A agência reconhece que precisamos
ter o olhar de que o mercado existe para cuidar de pessoas. Nós
hoje temos cerca de R$11 bilhões de ativos garantidores
constituídos por esse mercado. Apesar de ser um número contundente,
precisamos ter clareza que do ponto de vista de liquidez e
solvência estamos constituindo provisões de ativos garantidores que
em outros mercados já foram constituídos de forma mais célebre. Por
outro lado os mercados têm uma visão mais financeira do que o nosso
produto assistencial. As Agência não pretende retroagir nos ativos
garantidores nem nas garantias financeiras, a sociedade tem de
saber que saber que aquele setor é economicamente seguro. Acabou de
ficar pronto um estudo que mostra que o total de ativos
imobiliários da operação assistencial vem sendo inversamente
proporcional ao porte da operadora. Estamos estudando uma forma de
utilizar esses recursos e flexibilizar alguma utilização para
questões assistenciais.
Denise Brito, presidente da Unidas
Tema: Situação particular das pequenas e médias
operadoras
No atual momento, nós enfrentamos uma mudança importante
na obrigação de oferta de serviços com a RN259, que prevê prazos
máximos para atendimento. Você acha que normas quando postas sem
amadurecimento criam lacunas para estimular a judicialização do
mercado da saúde?
Resposta: Quando a Agência se mobilizou a fazer
uma norma para garantia de atendimento foi uma resposta a um
conjunto de demandas dos consumidores que informavam
sistematicamente a dificuldade de ter acesso as suas necessidades
dentro das operadoras. Se a norma não é perfeita, ela é teve
que vir como uma resposta contundente para que os direitos dos
consumidores sejam atendidos. Não achamos que a norma
estimula a judicialização e sim que o estimulo a judicialização é
feito pela má regulação de acesso e pela limitação de
acessibilidade do consumidor quando deveria ser livre. Entendemos
que é uma norma inicial e pode ser aperfeiçoada, ela tem o objetivo
de garantir o principio do rol de procedimentos que deve estar
disponível ao consumidor no momento da contratação. A norma está em
discussão para que possa ser aprimorada.
Carlos Roberto Squillaci, Presidente do
Sinog
Nano operadoras
Pergunta: No ano passado reconheceu na odontologia ter
uma regulação mais flexível e menos onerosa. Você acha que isso é
possível?
Resposta: Existe
uma concordância de que é necessário ter um olhar mais cuidadoso
com a média, a pequena e a nano empresa. No entanto, precisamos
enfrentar a escala mínima viável, o número mínimo de consumidores
que faz uma empresa ser viável. Junto com as medias que estamos
estudando para desonerar as pequenas e médias empresas, também está
desenvolvendo um estudo de escala mínima viável para saber até que
ponto esse sofrimento é possível. O ponto de equilíbrio que está
sendo estudado. As normas vão sair em breve, mas sabermos até onde
podemos flexibilizar.