Greve dá continuidade ao movimento iniciado em abril contra as operadoras e tem adesão de cerca de 70% dos profissionais do setor, diz AMB
Mais de 100 mil médicos aderiram à paralisação de hoje (21) que suspendeu atendimento em parte dos planos de saúde do país, equivalente a 70% dos profissionais do setor. A estimativa é do diretor de Saúde Pública e futuro presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso.
Organizada pela AMB, Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a paralisação dá continuidade ao movimento iniciado em abril contra as operadoras, quando a categoria interrompeu o atendimento aos usuários de todos os planos para cobrar reajuste dos honorários médicos.
O protesto surpreendeu clientes que tinham consultas agendadas. De acordo com as entidades, os usuários que não foram atendidos, podem marcar as consultas novamente. O atendimento de urgência e emergência continuou durante a paralisação, segundo a categoria.
Os médicos deixaram de atender em 23 estados e no Distrito Federal. Em nove deles, a suspensão atingiu os usuários de todas as operadoras. Amazonas, Roraima e o Rio Grande do Norte ficaram de fora do protesto por causa da negociação mais avançada com as operadoras. Na Bahia, a paralisação vai continuar por seis dias.
Na paralisação que durou o dia todo, os médicos suspenderam o atendimento aos planos que não entraram em acordo com a categoria nos últimos meses. Cada estado selecionou os alvos do boicote. As entidades médicas alegam que as mensalidades dos planos aumentaram cerca de 150%, enquanto o reajuste da remuneração médica foi 50%. Os médicos pedem que o valor pago pela consulta passe dos atuais R$ 40 para, no mínimo, R$ 60.
Para Cardoso, a paralisação mostrou à população “como as operadoras tratam os médicos”. As comissões estaduais vão se reunir nos próximos dias para avaliar a repercussão da paralisação.
As entidades querem que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) regule o reajuste dos honorários pagos pelos planos aos médicos credenciados e consideram que a agência reguladora tem sido omissa com a questão.
Em nota, a ANS informou que não é da sua responsabilidade definir o percentual de aumento da remuneração dos médicos conveniados aos planos e nega ineficiência ou omissão. A agência disse considerar legítima a mobilização da categoria, desde que não prejudique os usuários.