Após a Câmara dos Deputados rejeitar a criação de um imposto para a saúde nos moldes da antiga CPMF, a presidenta Dilma Rousseff admitiu ontem, em entrevista à TV Record, que o setor enfrenta um problema sério de gestão no País - e sugeriu que a própria população brasileira apoiaria uma nova taxa para garantir recursos adicionais que melhorassem os serviços públicos.
"Não estou pedindo hoje um aumento de impostos. Nós vamos melhorar a gestão da saúde neste país. E quando ficar claro para a população que ela precisa de mais coisa, ela mesma vai se encarregar de pedir", disse Dilma, durante entrevista ao vivo aos apresentadores Chris Flores e Celso Zucatelli, do programa "Hoje em Dia".
"Tem um problema sério de gestão, sim. A gente tem recursos e o uso desses recursos tem de ser melhorado", afirmou a presidenta, que considerou a área "desafiadora". Dilma destacou que é preciso melhorar a qualidade dos hospitais, aumentar a quantidade de médicos e garantir que esses profissionais não se concentrem em regiões mais ricas do País.
"Não sou, como diz a Bíblia, sepulcro caiado, não sou. Por que eu não sou? Porque eu tenho obrigação de falar para a população o que ela tem direito de ouvir", disse.
Em 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma de suas maiores derrotas legislativas, quando o Senado derrubou a CPMF. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta segunda, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, defendeu um novo imposto para a saúde, dizendo que o assunto deve ser um dos principais temas das eleições do ano que vem.
De acordo com a presidenta, é possível contar "nos dedos" os países que possuem sistema universal de saúde de qualidade. Dilma comparou o investimento per capita brasileiro com o de países vizinhos e lembrou as dificuldades do presidente dos EUA, Barack Obama, em reformar o sistema de saúde.
"Se você for olhar, a Argentina, per capita, investe mais em Saúde do que nós 42%. O Chile, 27% a mais e, se você olhar o setor privado versus o setor público no Brasil, o setor privado, per capita, está colocando duas vezes e meia a mais", comentou.