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Justiça do DF autoriza cirurgia de bebê ainda na barriga da mãe

Fonte: Correio Braziliense Data: 01 junho 2018 Nenhum comentário

Uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDF), concedida em caráter de urgência nessa terça-feira (29/5), vai possibilitar que uma grávida consiga passar por uma cirurgia fetal para reverter uma má-formação na coluna vertebral do bebê. O procedimento havia sido negado pelo plano de saúde da mulher. É a primeira vez que o tribunal defere uma liminar para esse tipo de cirurgia no Distrito Federal. 
Quando estava na 22ª semana de gravidez, a administradora Luciane Pinheiro, 37 anos, descobriu, por meio de uma ecografia, que a menina Maria Alice tinha mielomeningocele, também chamada de espinha bífida. A má formação ocorre nos ossos da coluna, que não se fecha totalmente e deixa a medula espinhal exposta. Por isso, os fetos podem sofrer hidrocefalia - um acúmulo de líquido no crânio - ou perder a capacidade de andar. É a cirurgia, na maioria dos casos, que evita o desenvolvimento da doença.
Após passar por quatro médicos em menos de dois dias, Luciane descobriu que não havia especialistas em Brasília para fazer a cirurgia. A gestante recebeu indicação de um cirurgião, em São Paulo, comprou uma passagem e se consultou com o médico. Tudo isso em menos de uma semana após o diagnóstico. Durante a consulta, ela descobriu que a cirurgia deveria ser feita com urgência, pois só poderia ser realizada até a 26ª semana de gestação.
 
No mesmo dia, Luciane entrou em contato com o plano de saúde, que, após cinco dias, deu resposta negativa para a cobertura do procedimento, sob a argumentação de que a cirurgia não está prescrita na Agência de Saúde Suplementar (ANS).
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"Eu fiquei desesperada. Primeiro ao receber um diagnóstico desse, já em cima do limite, mesmo fazendo todos os acompanhamentos. Não tive prazo para pensar e nem condição financeira para arcar com a cirurgia. Foram dias terríveis", contou Luciane. 
De volta à capital na segunda-feira (28/5), Luciane e o marido, Mário Yamaguchi Júnior, 39, imediatamente procuraram advogados para lutar contra a decisão do plano de saúde. "Eu parei todas as demandas para atendê-la. Além da urgência, pois ela já estava perto de completar 25 semanas, é uma questão de vida ou morte. No mesmo dia protocolamos a liminar, com pedido de tutela antecipada", explicou a advogada Polyana Mota, da Mendes Mota Advocacia. 
Na terça, o juiz Leandro Borges de Figueiredo, da 8ª Vara Cível de Brasília, deferiu o pedido, justificando que a negativa do plano é inválida, de acordo com a Súmula 102 do tribunal: “Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS”.
O magistrado complementou a decisão defendendo que, por haver perigo de dano inverso, a autora não poderia "aguardar a boa vontade do plano de saúde ou o julgamento definitivo do presente processo, para então se proceder com o fornecimento do tratamento indicado pelo médico". Em caso de descumprimento, o plano de saúde deverá pagar multa de R$ 100 mil. 
Após a vitória na Justiça, Luciane espera o sucesso de mais uma etapa. "Todos os médicos e profissionais que me ajudaram foram anjos na minha vida. Estou confiante, porque senão não teria comprado essa briga. Tenho pesquisado e há muitos casos em que as crianças nasceram sem nenhuma sequela. Minha filha vai vir perfeita", garantiu a mãe, que já tem o Arthur Yohachi, de 5 anos. A cirurgia está marcada para esta segunda-feira (4/6), último dia em que poderia ser realizada. 

 

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