Diante do risco da volta de doenças contagiosas graves consideradas erradicadas no Brasil - como sarampo e poliomielite -, o Ministério da Saúde decidiu mudar a estratégia de imunização. Vai retomar procedimento bem-sucedido nos 1980 e 1990: as campanhas específicas.
Com apelo tanto aos pais quanto às crianças, a estrela da campanha de vacinação será Xuxa. O filme de conscientização, em 3D, põe a apresentadora para fazer uma viagem ao passado, nos anos 1980 e 1990, quando ela era a "Rainha dos Baixinhos", nasceu o personagem Zé Gotinha e o País assumiu compromisso de erradicar pólio e sarampo. "Esse papo de ‘não precisa vacinar não’ é mentira. Tem de vacinar, sim", diz Xuxa no vídeo.
Segundo o ministério, o investimento nas campanhas para alertar a população sobre a importância da imunização na prevenção de doenças é crescente. Houve um aumento de 60% do valor dos recursos de campanha de vacinação, de R$ 33,6 milhões em 2015 para R$ 53,6 milhões no ano passado. Até o meio deste ano, a pasta afirma já ter destinado R$ 31,9 milhões para campanhas.
Campanha
Este ano, de 6 a 31 de agosto, em vez da já tradicional campanha de multivacinação, o Brasil terá uma ação mais focada, contra a pólio e o sarampo. O investimento do ministério nas campanhas deste ano já passa dos R$ 30 milhões. "As baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de 5 anos, acenderam uma luz vermelha no País", informou o ministério, diante da lista de 312 municípios que estão com cobertura abaixo de 50% para poliomielite, como adiantou o Estado. Há também o reaparecimento de casos de sarampo em cinco Estados e em países vizinhos.
Em 2017, todas as vacinas oferecidas gratuitamente ficaram abaixo da meta de 95% preconizada pela Organização Mundial de Saúde para o controle de doenças infecciosas. Em 2011, por exemplo, as coberturas para pólio e sarampo - consideradas graves - eram de 100%.
Oferta
Segundo o Ministério da Saúde e Biomanguinhos (principal fabricante das vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizantes. Para a campanha deste ano, por exemplo, já estão disponíveis 15,5 milhões de doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e outras 11 milhões da pólio. Em Rondônia, por exemplo, o surto de casos de sarampo fez o governo antecipar a campanha de vacinação, que começou esta semana.
O problema, dizem autoridades e especialistas, não é a produção. "Quando doenças estão erradicadas, com elas vai o medo e a percepção do risco", diz a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Os pais das crianças de hoje nunca viram sarampo ou pólio; eles mesmos foram vacinados na infância."
Para Pedro Bernardo, da Interfarma (que reúne laboratórios privados de produção de vacinas), médicos e farmácias deveriam entrar mais nas campanhas. "E os planos de saúde deveriam cuidar dos beneficiários, focando na prevenção." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.