Reportagem publicada no jornal
Valor Econômico na terça, dia 2 de fevereiro, diz que não há
entraves nas discussões de fusão do grupo NotreDame Intermédica
(GNDI) com a Hapvida. Segundo o Credit Suisse, que esteve reunido
com a direção da Hapvida durante a conferência de investimentos na
América Latina, a expectativa é que a proposta seja apresentada aos
conselhos das operadoras de planos de saúde nesta semana.
No período de análise do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), que deve se estender até o fim do ano e
começo de 2022, a companhia combinada terá dois co-CEOs para que
eventuais oportunidades de aquisições de outros ativos que surjam
neste período não sejam perdidos.
“A empresa acredita que as despesas
aumentam “, segundo relatório do banco assinado por Maurício
Cepeda.Ainda durante o evento do Credit Suisse, a direção da
Hapvida contou que a sua decisão de propor uma fusão foi tomada
porque as duas empresas estavam começando a se enfrentar
comercialmente em muitas regiões e concorrendo por ativos, elevando
em demasia os múltiplos das aquisições.
Outro fator fomentador da fusão foi
a redução na fatia da controladora do GNDI, a Bain Capital, no
último follow-on (oferta subsequente), realizada em dezembro.Além
do fato das duas companhias já terem conversado no passado sobre
uma combinação dos negócios, a boa receptividade da direção da
Intermédica à oferta de sua concorrente também ocorre porque a
fusão com Hapvida é a melhor opção para se tornar um grupo com
presença nacional.
Apesar de improvável uma potencial
fusão com Amil e com as seguradoras Bradesco Saúde e SulAmérica
(regulatoriamente, as seguradoras não podem ter operações
verticalizadas), uma análise teórica feita pela gestora de private
equity Teman Capital mostra que a Intermédica enfrentaria grandes
problemas concorrenciais em São Paulo que provavelmente
inviabilizaria qualquer uma das transações. Uma combinação entre
GNDI e Amil geraria uma concentração de mais de 50% na região
metropolitana de São Paulo, sendo 40% na capital.
Considerando Bradesco, a
concentração na Grande São Paulo seria de 43% e de 37% na capital.
No caso da SulAmérica, os percentuais são de 45% e 35%,
respectivamente.“Nesse exercício teórico, o remédio provável
imposto pelo Cade obrigaria a empresa combinada a vender entre 25%
a 33% da carteira inicial das empresas target. No caso da Hapvida,
chegamos a menos de 1%.
Do ponto de vista de
complementariedade regional, a fusão entre Hapvida e GNDI é a que,
de longe, faz mais sentido”, disse Rodrigo Gastim, sócio da Teman
Capital, gestora de private equity especializada em saúde e
educação.Se a transação for aprovada, a Hapvida pretende também
aumentar a verticalização do negócio de medicina diagnóstica da
Intermédica, que está num grau menor hoje. A operadora de
Fortaleza, por sua vez, já realiza 80% dos exames de seus usuários
em rede própria.
Os executivos da Hapvida
exemplificaram que na São Francisco, operadora do interior de São
Paulo, a migração para um modelo verticalizado não trouxe grandes
impactos aos usuários. “Por outro lado, os médicos são os mais
impactados. Eles podem estar relutantes em aceitar o novo modelo
que tem mais controle, reivindicações e protocolos”, diz Cepeda. A
Hapvida estima que cerca de 10% dos médicos não aceitam o modelo
verticalizado, a princípio.