Disputas entre clientes e operadoras
de plano de saúde têm sido levadas à Justiça com cada vez mais
frequência. A chamada judicialização da saúde suplementar é uma
realidade não só no país, mas também em Mato Grosso. Segundo a
desembargadora Marilsen Addario Andrade, do Tribunal de Justiça, a
maior parte dos pedidos é relativa à liberação de procedimentos
médicos. Ela alerta que, mesmo se solidarizando com as causas, o
Judiciário não pode simplesmente autorizar todos os pleitos.
Marilsen cita que, conforme dados do
Observatório da Judicialização da Saúde Suplementar do Departamento
de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, 82% dos
processos que chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos
últimos tempos foram julgados favoráveis aos pacientes.
“Há uma preocupação muito grande
porque essas demandas envolvem, inclusive, dano moral em favor dos
pacientes. E esses valores não estão computados no início da
programação do custo do valor mensal para os usuários. Isso
acarreta, para o plano de saúde, um aumento do valor no próximo
ano, nas próximas parcelas. Então, acabam sofrendo todos os demais
usuários, ainda que não tenham ajuizado demandas judiciais”,
comenta.
A entrevista da desembargadora foi
concedida em meio ao 3º Seminário Mato-grossense sobre
Judicialização da Saúde Suplementar, realizado pela Unimed Cuiabá,
nem 14 de setembro, na Capital.
Sem citar números, afirma que há uma
atenção do TJ voltada à implementação de um departamento especifico
para a mediação e conciliação antes da judicialização. “Isso para
que não haja esse prejuízo tanto ao usuário quanto à operadora do
plano de saúde após a judicialização. Para que possamos discutir
previamente e solucionar os conflitos de forma razoável,
ponderada”.
Sobre o evento, a desembargadora
destacou a importância de discutir o sistema de saúde que está
“atravancando” o Judiciário. “Precisamos muito discutir o papel do
Judiciário e dos planos de saúde nesse sistema todo. Através desses
eventos podem surgir ideias, novas práticas, novas soluções. Os
problemas estão aí e precisamos discutir para encontrarmos um
caminho”.