De
forma surpreendente, o PIB brasileiro cresceu mais do que as
projeções mais otimistas apontavam. Com crescimento de 1,2% no
primeiro trimestre, o desempenho da economia faz algumas análises
apontarem para um desempenho positivo de mais de 5% no final do
ano.
De
outro lado, é necessário se ter claro que este desempenho é fruto
da enorme capacidade brasileira de dar a volta por cima e conseguir
arrancar da cartola números e dados inacreditáveis, consequência da
resiliência frente ao ruim e ao feio que nos cerca. Este
crescimento não tem o dedo do governo, ou seja, as mazelas
estruturais continuam firmes e fortes, como pesadas âncoras
segurando o País, amarrado a tudo de errado que nos atrapalha, mas
é perpetuado, como se vê no desvirtuamento da Reforma Tributária e
com as declarações do presidente da República contra a Reforma
Administrativa.
O
Brasil cresceu porque a sociedade brasileira não cedeu diante das
dificuldades causadas pela pandemia, da mesma forma que foi em
frente sem se importar com tudo de caro e ineficiente que o setor
público traz. Puxado pelo exuberante agronegócio, o mais eficiente
do mundo, o País aproveitou o momento da situação internacional e
exportou grãos e minérios, surfando no crescimento da demanda,
principalmente da China e dos EUA.
Alguém poderia dizer que fizemos a lição de casa, mas sem o auxílio
da forte recuperação internacional o desempenho teria sido outro. É
verdade, mas a economia vive e floresce em função do aproveitamento
das oportunidades. E foi isso que o Brasil fez.
Importante destacar que, além do crescimento do agronegócio, a
indústria e os serviços também apresentaram indicadores positivos.
Os números variam de um extremo a outro, dependendo da atividade,
mas, no geral, é hora de comemorar.
Ainda existem barreiras complicadas a serem superadas. O desemprego
continua o mais alto da história. A quantidade de pessoas que
deixaram de procurar emprego também é a mais alta de todos os
tempos. A fome ronda milhões de famílias.
O
desempenho escolar continua baixo. O sistema de saúde está
pressionado, procedimentos sem conexão com a covid-19 estão
acumulados e uma terceira onda do coronavírus é vista como certa
pelos especialistas.
Se
estas dificuldades barrarão o processo é uma pergunta sem resposta,
mas, neste momento, a sociedade brasileira parece mais forte e
pujante, capaz de superar os desafios e retomar seu crescimento,
ainda que, de acordo com as projeções, em nível menor do que a
média internacional.
O
setor de seguros vinha tendo um comportamento acima da média da
economia nacional. Mesmo sendo atividade de apoio, portanto,
dependente do crescimento dos demais setores para também crescer, o
setor apresentava números relativamente acanhados, mas positivos,
ao contrário de outras atividades que permaneciam em recessão.
Com
o novo cenário, o setor tem tudo para entrar num novo patamar de
desenvolvimento, puxado pelas demandas de proteção do agronegócio,
pelo setor logístico, pela indústria, que começa a sair do buraco,
e pela reativação da economia de forma geral, que, com o aumento da
vacinação, deve se acentuar até o final do ano.
Novos desafios surgem à frente e ainda não foram atendidos. O País
tem demanda por proteção para os riscos de origem climática, para
pandemias e novas situações de saúde pública, para a proteção
contra os ataques cibernéticos, para os desafios das obras de
infraestrutura e para os riscos de responsabilidade civil.
Mas,
antes disto, o País tem demanda para seguros de todos os tipos,
destinados a cobrirem os riscos já existentes, como seguros de vida
e produtos de acumulação, seguros residenciais, seguros para
pequenas e médias empresas, seguros para transportes de carga,
seguros para os riscos profissionais e, profundamente desafiador,
seguros para as novas necessidades de proteção decorrentes das
mudanças que chacoalham o setor automotivo. Se o PIB cresce, o
setor de seguros agradece.
* SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA E
SECRETÁRIO-GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS