O
mercado vê com preocupação vários pontos do processo de
implementação do open insurance, incluindo a não menção à figura do
Corretor de Seguros e a criação de um novo agente (a sociedade
iniciadora de serviço de seguro). A afirmação foi feita pelo
diretor Técnico e de Estudos da Confederação Nacional das
Seguradoras – CNseg, Alexandre Leal, em entrevista ao programa
“Panorama do Seguro”, produzido pelo Sindicato das Seguradoras do
Estado de São Paulo (Sindseg-SP). “A gente questionou isso na
consulta pública realizada pela Susep e após essa consulta. Vemos
com grande preocupação a participação de um ente que não é regulado
nesse ambiente e por onde vão circular informações dos clientes. O
Banco Central vedou a participação no open banking de empresas que
não são reguladas pela instituição. Já a Susep copiou quase tudo do
open banking, mas não essa parte”, criticou o executivo, na
conversa com o jornalista Paulo Alexandre e o consultor de economia
Francisco Galiza, apresentadores do programa.
Ele
acrescentou ainda que apenas recentemente, a Europa começou a
discutir como deve ser o modelo de open insurance. Antes, ao
contrário do Brasil, os europeus estão ouvindo stakeholders,
produzindo estudos e abrindo o debate para a população. A ideia é
iniciar o processo em 2023. “Já no Brasil houve muito alarde quanto
aos benefícios, e pouco debate sobre os riscos desse modelo”,
lamentou.
Na visão dele, o open insurance deveria ser implementado
apenas após a implantação do Sistema de Registro de Operações
(SRO). Para Leal, são duas agendas pesadas, que consomem recursos
técnicos, financeiros e de pessoal das seguradoras. Ele lembrou
que, na Europa, esse fator é apontado como um dos riscos do open
insurance, tendo em vista que esses recursos alocados para atender
a agenda regulatória poderiam ser investidos em inovação e na
criação de novos produtos.
Para
Leal, outro risco é o cliente acabar escolhendo risco pelo preço.
“Há uma série de pontos que não foram discutidos. Cuidados que se
deve tomar. Lá fora, essa discussão ocorre. Não se avaliou o risco
de forma adequada”, observou.