Um novo tipo de vírus respiratório potencialmente letal é
transmitido entre humanos, alertou ontem a Agência Britânica de
Proteção à Saúde (HPA, sigla em inglês). Identificado em setembro
do ano passado em um paciente inglês que continua sob tratamento, o
micro-organismo pertence à família do vírus que causa síndrome
respiratória aguda grave (Sars), cuja última epidemia, em 2003,
contaminou 8.096 pessoas e matou 774 apenas na Ásia. Até agora, 11
pessoas foram infectadas, sendo que cinco vítimas morreram na
Arábia Saudita e duas na Jordânia.
Na segunda-feira, a HPA comunicou o segundo caso, na Inglaterra,
de contaminação pelo coronavírus, chamado assim devido ao formato
de coroa de suas bordas. O paciente tinha viajado recentemente para
o Qatar. Ontem, a agência reportou que uma pessoa da mesma família
também foi infectada, mas, ao contrário do parente, ela não havia
saído da Grã-Bretanha. “A confirmação de uma nova infecção em um
indivíduo sem histórico de viagem ao Oriente Médio sugere que
ocorreu uma transmissão de pessoa a pessoa e que isso aconteceu na
Inglaterra”, disse, em um comunicado, John Watson, chefe do
Departamento de Doenças Respiratórias da HPA.
Watson reforçou, contudo, que a população não precisa se
alarmar. “Embora esse caso forneça fortes evidências sobre a
transmissão de pessoa a pessoa, o risco de infecção nessas
circunstâncias ainda é considerado muito baixo. Se esse novo
coronavírus fosse mais infeccioso, nós poderíamos esperar ver um
número de casos muito maior do que registramos desde que o primeiro
foi reportado, meses atrás”, disse. De acordo com o médico, as
pessoas que tiveram contato com os três pacientes ingleses
infectados serão rastreadas para evitar futuros contágios. Além
disso, os profissionais da área de saúde que cuidaram das vítimas
serão submetidos a exames.
“À luz desse novo caso, nós gostaríamos de enfatizar que o risco
associado ao novo coronavírus à população da Inglaterra em geral
continua baixo. A HPA vai continuar a trabalhar de perto com
autoridades nacionais e internacionais e compartilhar informações
com profissionais de saúde e com o público quando soubermos mais
sobre o vírus”, concluiu Watson. Os coronavírus são responsáveis
tanto por resfriados comuns quanto por quadros mais graves. Nesses
últimos casos, a pessoa infectada apresenta febre alta, tosse,
dificuldade para respirar e, sem tratamento adequado, pode morrer
de falência respiratória.