Os planos de saúde lideram mais uma vez o ranking de queixas
recebidas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
no ano passado. Segundo o relatório anual do instituto, divulgado
no dia 04 (segunda-feira), 20% dos atendimentos em 2012 foram
relacionados a reclamações sobre planos de saúde, como negativa de
cobertura, reajustes e descredenciamento de prestadores de serviço.
De acordo com o Idec, os planos aparecem no topo da lista pela
décima primeira vez.
"Há mais de uma década os planos de assistência médica lideram o
relatório de atendimentos do Idec, e o principal motivo é
justamente o crescimento dos planos coletivos, ou falsos coletivos
(oferecidos a pequenos grupos de consumidores), já que há ausência
de regulação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) para
esses tipos de contratos", justifica o Idec, em nota.
O setor financeiro - bancos, cartões de crédito, crédito e
consórcios - é o segundo colocado na lista do Idec. Cobranças
indevidas de tarifas e de serviços não contratados estão entre as
principais reclamações. Outras queixas dos consumidores são
endividamento, taxa de juros, portabilidade de crédito e inscrição
em cadastro de maus pagadores.
Em terceiro lugar, aparecem as reclamações sobre problemas com
produtos, como celulares, eletroeletrônicos e eletrodomésticos da
linha branca. Os consumidores queixam-se de defeitos, falha na
garantia, falta de assistência técnica e descumprimento do prazo de
entrega.
Telefonia é o quarto segmento com o maior número de queixas. Na
telefonia móvel, a falta de sinal e a queda nas chamadas encabeçam
as reclamações, enquanto na telefonia fixa são cobrança de minutos
excedentes e por serviço não solicitado.
Os quatro setores que estão no topo da lista do Idec somam 59,1%
dos atendimentos feitos por telefone, e-mail e pessoalmente. Em
2012, o Idec prestou 9.413 atendimentos, dos quais 5.413 sobre
relações de consumo e 4 mil a respeito do andamento de ações
judiciais. Para o Idec, grande parte dos problemas é decorrente de
“fiscalização ineficiente” dos órgãos reguladores e falta de
investimento das empresas.
A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que
representa operadoras de plano de saúde, alega que o resultado do
estudo é tendencioso. "A Abramge estranha os dados divulgados pelo
Idec. Isso porque se trata de um instituto particular que vende
serviços, especialmente para usuários de planos de saúde e,
portanto essa mostra é viciada. E o resultado do estudo é
tendencioso . Há mais de dez anos, o Idec insiste em acusar os
planos de saúde de serem os campeões de reclamação, o que não
corresponde à verdade", diz a entidade, por meio de nota.
A associação argumenta ainda que, em boletim anual divulgado
recentemente pelo Sistema Nacional de Informações de Defesa do
Consumidor (órgão do Ministério da Justiça), os planos de
saúde estão em 16º no ranking de reclamação.