O governo reforçou hoje (17) que não pretende desistir da
contratação de estrangeiros pelo Programa Mais Médicos e de levar
profissionais para cidades atualmente desassistidas, apesar da
posição contrária das entidades médicas. Depois de participarem de
reunião com líderes dos partidos da base aliada na Câmara dos
Deputados, os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Educação,
Aloizio Mercadante, ressaltaram que os conselhos regionais de
medicina (CRMs) são obrigados a cumprir as determinações da medida
provisória que criou o programa.
Padilha considerou uma “falta de sensibilidade” as tentativas de
“boicote” e as ações movidas pelas entidades médicas contra o
programa. “Já enfrentamos tentativa de boicote na inscrição e
derrotamos todas as medidas judiciais. Agora, tem um parecer claro
da AGU [Advocacia Geral-União] que estabelece, mais uma vez, que os
CRMs têm que cumprir exatamente o que está escrito na lei. Não
vamos admitir nenhuma tentativa de postergar a chegada dos
médicos”, frisou o ministro da Saúde.
Parecer da AGU, feito a pedido do Ministério da Saúde, prevê que os
conselhos regionais de Medicina (CRMs) não podem exigir documentos
extras para liberar o registro provisório aos profissionais
estrangeiros que participam do programa. O Conselho Federal de
Medicina (CFM) informou, em nota, ontem (16) que vai continuar com
a exigência de documentação extra, apesar do parecer contrário da
AGU.
“Vamos continuar debatendo as medidas que o governo está tomando
para garantir a execução do programa. Vamos até o fim. O que nos
move é levar médicos para milhões de brasileiros que não têm médico
nas suas unidades de saúde, nos seus municípios”, acrescentou o
ministro da Saúde.
Já Mercadante disse que as entidades contrárias ao Mais Médicos
devem “parar de obstruir e debater democraticamente”. “A lei que
está em vigência estabelece as condições para a oferta de registro.
Acho que as entidades médicas deveriam dialogar com o sentimento da
população, com a necessidade de mais médicos.”
“Ás vezes, acho que é uma tremenda falta de sensibilidade com o
sofrimento do povo brasileiro que está precisando desse
profissional médico. Demos oportunidades para médicos brasileiros,
pagando R$ 10 mil líquidos mensais, dos mil que concluíram a
inscrição, metade já está atuando. Agora, ficaram brasileiros,
centros de saúde sem o atendimento médico e nós vamos buscar
médicos de outros países”, destacou Padilha.
O relator da comissão especial que analisa a Medida Provisória
621/13, que criou o Programa Mais Médicos, deputado Rogério
Carvalho (PT-SE), disse que pretende apresentar o parecer amanhã
(18). “Espero que em duas semanas, no máximo, tenhamos esse
relatório aprovado na comissão mista e aí teremos o prazo de 30
dias para que o debate ocorra nos plenários da Câmara e do Senado”,
disse.
Para não perder a validade, a medida provisória tem que ser
aprovada pelo Congresso Nacional até 5 de novembro.