A maioria dos associados aos planos de saúde no estado de São
Paulo enfrentou dificuldades na hora em que precisou dos serviços
contratados. Os problemas ocorreram nos dois últimos anos, segundo
pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pela Associação
Paulista de Medicina divulgada nesta quinta-feira (17). O
levantamento mostra que a deterioração do atendimento levou 30% dos
pacientes a pagar por serviços particulares ou a procurar o Sistema
Único de Saúde.
Em comparação a pesquisa anterior, cresceu em 50% a procura da rede
pública, por falta de opção de atendimento por meio dos planos. O
número de segurados que se sentiram obrigados a buscar atendimento
particular cresceu entre 2012 e 2013. No ano passado, 9% declararam
ter feito a opção ante 12%, neste ano de 2013. O grupo que recorreu
ao sistema público passou de 15%, em 2012, para 22% neste ano.
O presidente da associação dos médicos e do Conselho Regional de
Medicina de São Paulo, Florisval Meinão, esclareceu que a “questão
está na estrutura da iniciativa privada e não na qualidade do
atendimento médico”. Ele observou que a quantidade de leitos
oferecidos no Brasil oscila entre dois a três a cada mil habitantes
enquanto o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é três a
cinco. “Nos precisaríamos criar mais 16 mil leitos até 2016”,
defendeu.
A principal queixa ouvida pelos pesquisadores do Datafolha diz
respeito à sala de espera lotada em prontos-socorros, e a demora no
atendimento, apontada por 66% dos entrevistados. As dificuldades em
agendar exames e obter diagnósticos atingiu 47% das citações. As
reclamações de falhas no pronto-atendimento foram feitas por 80%. A
demora em autorizar exames mais complexos ou mesmo a negativa foi
citada por 16% dos entrevistados.
A pesquisa foi feita com 861 pessoas das quais 422 residentes na
região metropolitana de São Paulo e 439, no interior. Na amostragem
projetada, estimou-se que 79% de um universo de 10,4 milhões de
usuários ou 8,2 milhões tiveram algum tipo de problema relacionado
ao plano de saúde. Cada uma relatou, em média, 4,3 questões de
conflito.
O levantamento mostrou também que a maioria dos associados faz a
sua queixa diretamente às seguradoras, caso de 11% dos consultados.
Apenas 2% recorrem ao Procon e 1% chegaram à Agência Nacional de
Saúde.