Brasil segue
movimento global de disparidade entre a VCMH e a inflação, segundo
pesquisa do IESS. Veja os comparativos
A
variação dos custos médico-hospitalares (VCMH) tem crescido nos
últimos anos em ritmo mais acelerado do que a inflação em grande
parte dos países, independentemente da região geográfica ou da
situação do setor de saúde local. O Brasil também apresenta a mesma
realidade. Uma pesquisa inédita
do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar
(IESS) analisou a VCMH de 48 países, incluindo o Brasil, e
a comparou com os índices gerais de inflação. A constatação é que a
acelerada incorporação de novas tecnologias, nem sempre
acompanhadas de uma avaliação de efetividade em relação aos custos,
o processo de envelhecimento populacional e o desperdício têm
impulsionado fortemente as despesas do setor.
“Há
um fenômeno global de descasamento entre variação dos custos
médico-hospitalares e indicadores gerais de inflação”, avalia o
superintendente-executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro. Para
realizar o estudo, o Instituto analisou a base de informações
fornecida pela consultoria mundial Towers Watson, responsável por
mensurar os custos médico-hospitalares em 48 países.
Em
alguns países, a diferença entre a inflação geral e a VCMH passa de
10 pontos porcentuais (p.p.). Por conta dessa realidade, o estudo
demonstra que os indicadores gerais de preços não podem mais ser
utilizados como parâmetros de adequação de preços para planos de
saúde: enquanto a inflação mede a variação de preços em uma cesta
de itens, a VCMH flutua em razão dos preços e da frequência de
utilização dos serviços de saúde.
“Devido a mudança demográfica em curso, a
proporção de idosos e a expectativa de vida estão crescendo e, com
elas, o ritmo de utilização dos serviços de saúde”, justifica
Carneiro. “Além do uso, também tende a aumentar a complexidade dos
serviços utilizados, já que os problemas de saúde de idosos
costumam ser mais difíceis de tratar, o que contribui para elevar a
VCMH.”
Segundo o estudo, no continente americano, o país
onde a VCMH está mais descolada da inflação são os Estados Unidos,
que tiveram a variação dos custos médico-hospitalares de 12,4 p.p.
superior à inflação em 2012 (de aproximadamente 2,5%). No Brasil, o
descasamento entre VCMH e inflação geral cresceu no período
analisado, ficando, em 2012, 9,6 p.p. acima da inflação de 5,4%
(IPCA/IBGE).

O
fenômeno também se repete em outras regiões geográficas. Nos países
asiáticos, por exemplo, a China apresentou a diferença entre os
indicadores em 10,8 p.p em 2009, enquanto na Indonésia, em 2012,
foi de 9,7 p.p. No Oriente Médio, os Emirados Árabes registraram
uma diferença de 10 p.p., de 2010 a 2012. Na Europa, a VCMH da
Irlanda foi 13,7 p.p. superior à inflação em 2009, ao passo que, no
Reino Unido, a diferença permaneceu em torno dos 7 p.p., em 2009,
2010 e 2012.
Considerando o continente americano, no Chile,
Canadá e México houve uma redução da distância entre os
indicadores, tanto por conta do aumento da inflação quanto pelo
menor ritmo de crescimento da VCMH.
Gráfico Geral
