O mercado de seguro de viagens tem
uma nova dinâmica no ar. Com a recente regulação do segmento no
Brasil, em andamento desde março graças às regras estabelecidas
pela Resolução 315 da Susep, órgão ligado ao Ministério da Fazenda,
novas responsabilidades e oportunidades devem aparecer para as
agências de viagens, conforme lembra o especialista da corretora
Bekup Soluções em Seguros, Evandro Correa.
“Com o ator principal (Susep)
estabelecendo as regras do jogo, coordenando e apontando as
responsabilidades de cada um no setor, o seguro viagem passa a ter
um órgão fiscalizador claro. Ainda teremos um processo de maturação
e aculturamento do novo produto, um tempo de acomodação que deve
durar até o final deste ano quanto à responsabilidade de cada um.
Mas a venda consciente precisa existir. Não dá mais para
comercializar sem cobertura básica.”
Para Correa, o seguro passa a ser
mais do que proteger e assistir para ser “uma grande oportunidade
de negócios”. Entre eles está a chance de o agente de viagens atuar
no mercado com a venda consultiva de seguro para eventos. “Hoje
temos um produto viável de cobertura específica para o organizador
do evento e para o expositor, por exemplo”, ressalta o executivo
lembrando o imprevisto ocorrido no 38º Congresso Brasileiro de
Oftalmologia, realizado em setembro do ano passado em Florianópolis
(SC), em que parte do teto desabou e feriu seis pessoas
gravemente.
“Esse é um evento de grande
envergadura e que teve um imprevisto dessa ordem. Muitas agências
que estavam presentes realizam eventos à indústria farmacêutica,
automotiva e outras.”
Correa lembra que os imprevistos
podem corresponder a altos custos. Segundo ele, o custo médio de
uma consulta no exterior é de US$ 1.350; do atendimento básico para
acidente ortopédico (braço quebrado) nos EUA é de U$$ 8 mil; de uma
intervenção cirúrgica simples, como apendicite, o valor pode chegar
a US$ 30 mil.
Os seguros viagem, contudo, ficam
na faixa dos US$ 50-70, com coberturas que chegam a US$ 250
mil.
Outra questão importante levantada
com a Resolução 213 é o uso do cartão corporativo. Dada a cobertura
de certos cartões, empresas optam pela não contratação de um seguro
viagem específico. “Mas é preciso ver que esses cartões não são o
suficiente. Eles têm limites de atendimento de US$ 10 mil para EUA,
Canadá e Ásia, ou de 30 mil euros para a Europa. Agora tem a
oportunidade de se adquirir produtos com limites de US$ 100 mil,
US$ 250 mil, que são os mais procurados no mundo corporativo.”
Correa finaliza defendendo que as
agências e empresas devem “levantar a bandeira” de proteger
pessoas. “O agente tem o dever de proteger, orientar e de oferecer
o seguro adequado à viagem.”