Dado está no relatório 'Estatísticas de
Saúde Mundiais 2011', divulgado pela Organização Mundial da
Saúde
Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou, nesta sexta-feira,
(13), um raio-x completo do financiamento da saúde e escancarou uma
realidade: o custo médio da saúde ao bolso de um brasileiro é
superior à média mundial. Segundo o estudo, o governo brasileiro
destina uma das menores proporções de seu orçamento à saúde no
mundo, inferior à média africana, e o setor no País ainda é pago em
grande parte pelo cidadão. Em termos absolutos, o governo
brasileiro destina à saúde de um cidadão um décimo do que europeus
destinam aos seus. As informações são do estado de S. Paulo.
O raio-x é apresentado às vésperas da abertura da Assembléia
Mundial da Saúde, em Genebra, e que terá a presença de ministros de
todas as regiões para debater, entre outras coisas, o futuro do
financiamento ao setor.
Dados da OMS mostram que 56% dos gastos com a saúde no Brasil vêm
de poupanças e das rendas de pessoas. O número representa uma queda
em relação a 2000. Naquele ano, 59% de tudo que se gastava com
saúde no Brasil vinha do bolso de famílias de pacientes e de planos
pagos por indivíduos.
Mesmo assim, a taxa é considerada como uma das mais altas do mundo.
Dos 192 países avaliados pela OMS, apenas 41 tem um índice mais
preocupante que o do Brasil. A proporção de gastos privados no
Brasil com a saúde é, em média, superior ao que africanos,
asiáticos e latino-americanos gastam em média.
Para fazer a comparação, a OMS utiliza dados de 2008, considerados
como os últimos disponíveis em todos os países para permitir a
avaliação completa.
Um dos fenômenos notados pela OMS no País foi a explosão de planos
de saúde. Há dez anos, 34% do dinheiro na saúde no Brasil vinha de
planos. Em 2008, a taxa subiu para 41%. Um brasileiro gasta ainda
quase duas vezes o que um europeu usa de seu próprio salário para
saúde. Em média, apenas 23% dos gastos com a saúde na Europa vem
dos bolsos dos cidadãos. O resto é coberto pelo estado.
A taxa de dinheiro privado na saúde no Brasil também é muito
superior à media mundial, de 38%. No Japão, 82% de todos os gastos
são cobertos pelo governo. Na Dinamarca, essa taxa sobe para 85%.
Em Cuba, os gastos privados de cidadãos com a saúde representam
apenas 6% do que o país gasta no setor.
Já países onde o sistema de saúde é praticamente inexistente, o
cenário é bem diferente. No Afeganistão, 78% dos gastos com a saúde
depende dos cidadãos. No Laos, a taxa chega a 82%, contra 93% em
Serra Leoa.
Orçamento
Outro dado revelador para a OMS é a quantidade de recursos num
orçamento nacional que é destinado à saúde, o que mostraria a
prioridade política do governo em relação ao tema. A entidade
alerta que é esse dado que revela quanto de fato um governo está
preocupado com a saúde de sua população, e não os discursos
políticos ou anúncios de novos programas.
Nesse ponto, o Brasil está entre os 24 países que menos destinam
recursos de seu orça
mento para a saúde. Em 2008, 6% do orçamento nacional ia para a
saúde. A taxa representou um salto real dos 4,1% em 2000. Mas é
menos da metade da média mundial. Em geral, a OMS descobriu que
13,9% dos orçamentos nacionais vão para a saúde. Nos países ricos,
a taxa chega a 16,7%. No Canadá, ela é de 17%.
A proporção do orçamento nacional que vai para a saúde é ainda
inferior à média africana, de 9,6%. Segundo a OMS, o governo
brasileiro destina à saúde menos que o grupo de países mais pobres
do mundo.
Em valores absolutos, o levantamento da entidade constata que os
recursos para a saúde dobraram em dez anos no Brasil, somando
gastos governamentais e privados. Por pessoa, a saúde no País
consome o equivalente a US$ 875,00. Há uma década, esse valor era
de apenas US$ 494,00.
Desse total, US$ 385 são arcados pelo governo, um valor dez vezes
menor que o que gastam os governos da Dinamarca e Holanda com a
saúde de cada um de seus habitantes.
Em Luxemburgo, o governo gasta 13 vezes mais que o brasileiro para
cada um de seus habitantes. Quem mais destina recursos de seu
orçamento à saúde é o principado de Mônaco, 17 vezes mais que o
Brasil, cerca de US$ 5 mil.
No outro extremo, o governo de Serra Leoa gasta US$ 7 por ano por
pessoa. Em Mianmar, cada habitante recebe o equivalente a US$
2.
Avanços
Apesar das constatações preocupantes em relação ao Brasil, os dados
da OMS apresentam alguns avanços no País. O primeiro deles é de que
o total gasto por privados e governos com a saúde aumentou de 7,2%
do PIB em 2000 para 8,4% em 2008. A taxa ainda é inferior aos 11%
em média destinado á saúde nos países ricos. Mas próximo da média
mundial de 8,5%.
Outros avanços também são registrados. A expectativa de vida passou
de 67 anos em 1990 para 73 anos, em 2009. Em geral, o brasileiro
viva mais que a média mundial.
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