O roubo de carros segurados no estado
do Rio de Janeiro aumentou 16% no primeiro trimestre deste ano, de
acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (5) pela Federação
Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), totalizando 100 veículos
roubados por dia. No mesmo período do ano passado, a média de
roubos era de 84 veículos/dia. Noventa por cento dos roubos
ocorreram na capital fluminense e na região metropolitana do Rio de
Janeiro.
De acordo com o diretor executivo da
FenSeg, Julio Rosa, o aumento é resultado da violência crescente no
estado. A redução da oferta de peças automotivas de reposição pela
indústria, decorrente da diminuição da produção de veículos,
desabasteceu os distribuidores e também influenciou o incremento
dos roubos de automóveis, segundo a entidade.
O horário que registrou maior número
de ocorrências de roubos foi das 18h às 24h, com 47% do total,
seguida do período de 6h e 18h, com 40%. O horário de 24h às 6h
somou 13% das ocorrências.
Julio Rosa destacou que o Rio de
Janeiro está entre os quatro piores resultados do Brasil em termos
de roubos de veículos nas capitais. Os demais são Rio Grande do
Sul, São Paulo e Minas Gerais. “Esses quatro estão com uma
violência acima da média”. Em Pernambuco, que lidera os roubos de
veículos no Nordeste do país, a proporção é pequena em comparação
aos demais estados, em razão do tamanho menor da frota, explicou.
As seguradoras estão levantando os dados referentes ao mercado
nacional.
Regulação
Para enfrentar essa situação de roubos
crescentes, o mercado segurador pode adotar dois tipos de ação. Uma
delas é a regulação de preços. A outra é a regulação de subscrição,
ou seja, há bairros nesses estados que o mercado não aceita mais
fazer seguro. “Dependendo do percentual de roubo dessas regiões do
Brasil, o mercado pode começar a recusar a aceitação do seguro, de
forma ampla e condicional.” Julio Rosa disse que não
aceitar pode significar também colocar preço que a demanda não vai
pagar.
Da frota circulante de veículos no
país, apenas 30% têm seguro. “Setenta por cento não adquirem seguro
por dois motivos: falta de condições financeiras e porque parte da
frota tem mais de dez anos e o mercado segurador não aceita ainda”,
disse o diretor da FenSeg. Ele acredita que com o fortalecimento do
seguro auto popular, que vai atingir carros mais velhos, o
percentual de veículos segurados terá sua participação ampliada. O
auto popular já está em vigor mas ainda é incipiente, apontou Rosa.
Um projeto piloto se acha em curso em São Paulo, informou. “Ainda
não tem produto à disposição do auto popular.”
O levantamento feito pela FenSeg
revela que a zona sul do município do Rio de Janeiro, que
historicamente apresenta um percentual baixo de roubo de veículos,
em relação a outras regiões da cidade, teve um crescimento de
45,77% nos roubos, nos três primeiros meses deste ano. Os bairros
da região com maior número de ocorrências são: Flamengo, Ipanema e
Lagoa. A Ilha do Governador, na zona norte, também chamou a atenção
pelo crescimento de 77,56% dos roubos de veículos, no mesmo
período.
A sondagem constatou ainda que os
veículos roubados têm como destinos principais o desmanche, para
revenda das peças, e a clonagem, com transferência dos carros para
outros estados e países.
Mandamentos
A FenSeg elaborou uma cartilha para os
segurados com algumas “dicas” ou mandamentos de segurança contra
roubo de carros. O primeiro deles é que, ao sair da garagem de
casa, em horários de pouco movimento na rua, o proprietário do
veículo deve verificar as condições de segurança, como, por
exemplo, observar se há algum estranho por perto ou se objetos
estão interrompendo o caminho. “Caso não sinta segurança em sair,
aguarde um pouco; ao chegar em casa, aja da mesma forma”, recomenda
a Federação.
Outra sugestão é que, após as 22h, o
usuário deve ter cuidado ao parar nos sinais. “Fique atento ao
movimento das ruas”. De acordo com a cartilha, os motoristas nunca
devem colocar bolsas, celulares ou qualquer outro objeto de valor
sobre o banco do carona. “Guarde tudo embaixo do banco.”
Independente do local e horário, os
usuários não devem permanecer dentro do carro parado com o motor
ligado para enviar mensagens pelo celular, entre outras atividades,
diz a FenSeg. Da mesma maneira, recomenda que nunca se deve esperar
pessoas dentro do carro, muito menos com o motor ligado. Segundo a
entidade, escolas e academias, entre outros locais, são bastante
visados pelos assaltantes.
Outros mandamentos indicam cuidado ao
entrar e sair do veículo em estacionamentos
de shoppings e supermercados e, ainda, que ao
sair de grandes estacionamentos, o usuário verifique se os trincos
das portas estão travados.
Recuperação
No bairro do Méier, zona norte da
capital fluminense, a Operação Méier Presente conseguiu recuperar
58 veículos roubados ou furtados em 17 meses de atuação na área da
segurança, de acordo com números divulgados hoje (5) pelo governo
do estado, que desenvolve o projeto em parceria com a Federação do
Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).
A Operação Méier Presente efetuou na
região mais de 860 prisões em flagrante e cumpriu 57 mandados de
prisão, sendo 21 por roubo e 17 por furto.
O capitão Rafael Andrade, coordenador
do Méier Presente, disse que os moradores do bairro estão relatando
uma circulação de veículos mais tranquila pelas ruas. “Desde a
nossa chegada, esse tipo de crime vem sendo reduzido na região.
Estamos diariamente atuando de forma qualificada e os números
provam isso”, afirmou.
O policiamento na área é feito a pé,
de bicicleta e de moto, em trios formados por policiais militares e
agentes civis, que filmam todas as abordagens para assegurar a
transparência e dar legitimidade à operação. As equipes também são
monitoradas por GPS, informou a assessoria do governo
fluminense.