BRASÍLIA - A Caixa prepara para
este início de ano um novo programa de demissão voluntária, depois
de lançar mão de dois planos desse tipo em 2017. A redução de
custos com pessoal faz parte de uma política de “choque de gestão”
na Caixa, iniciada no ano passado e intensificada nas últimas
semanas com o afastamento definitivo de três vice-presidentes por
suspeita de irregularidades.
Em 2017, o banco estatal recorreu duas
vezes a PDVs para enxugar o quadro de funcionários, que hoje beira
88 mil servidores. No primeiro plano, encerrado em março, houve
adesão de 4,6 mil colaboradores. Já o segundo, finalizado em
agosto, teve 2,7 mil inscritos. Dados do balanço de setembro
apontam para uma economia de R$ 500 milhões com os dois
programas.
O banco ainda tem cerca de 3 mil
funcionários próximos da aposentadoria que se encaixam nos
critérios para aderir a um PDV. A expectativa é que haja queda das
despesas com pessoal neste ano, cenário que será apoiado por um
ajuste operacional que inclui a limitação em 6,5% da folha do
custeio do plano de saúde dos funcionários. Segundo o presidente da
Caixa, Gilberto Occhi, o novo PDV deve ter início neste
trimestre.
A aprovação de um novo estatuto,
instituição de um plano de reforço de capital sem uso do dinheiro
do FGTS e a criação de barreiras às indicações políticas para
cargos de direção fazem parte da nova política, que tenta corrigir
problemas de gestão do banco. Algumas das medidas, principalmente
as relacionadas aos apadrinhamentos, já encontram resistência na
classe política.
A reforma no estatuto da Caixa teve
inspiração na Petrobrás, que também passou por um choque de gestão
depois dos casos de corrupção revelados pela Lava Jato, com fraudes
em licitações e desvio de bilhões de reais.
Como na petroleira, o ajuste tenta
impor uma “mudança cultural”, a começar pela forma de escolha dos
dirigente. Na semana retrasada, o banco anunciou que todas as 12
vice-presidências terão seus titulares indicados em um processo de
competição interna. É provável até que o número de cargos seja
revisto.
A substituição, no prazo máximo de 12
meses, dos vice-presidentes marcará a etapa mais complexa do
processo. Os mandatos serão de dois anos, podendo ter recondução de
até três vezes e um mandato não coincidente com o do governo. Ou
seja, eles permanecerão nos cargos após terminada a gestão do
presidente Michel Temer.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o
processo de escolha vai mesclar candidatos de fora e funcionários
da Caixa. Será aberta inscrição para uma seleção interna e,
simultaneamente, uma empresa especializada no recrutamento de
executivos será contratada por licitação. O modelo já foi testado
na escolha de um diretor, dois membros do novo comitê de risco, um
auditor interno e dois integrantes do comitê de auditoria.
A ideia é que, ao longo do tempo,
todos os outros cargos de chefia, inclusive os de superintendentes
regionais, passem por processo semelhante, mas a conclusão dessas
mudanças pode levar anos.
O novo modelo de gestão incluiu também
uma política de apetite ao risco. Foi criado um comitê independente
para indicar as bases sobre o grau de risco a ser aceito pelo banco
nas diversas operações de crédito.