Proposta é garantir acesso à
saúde de qualidade para os municípios mais carentes.
Uma proposta do Ministério da Saúde pretende levar dois mil
médicos para municípios de difícil provimento de forma
supervisionada, com estrutura de trabalho adequada e um contrato
não precário, ou seja, com condições funcionais estabelecidas. O
projeto piloto está em fase de elaboração e está sendo acompanhado
de perto pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação
Nacional dos Médicos (Fenam), Associação Médica Brasileira (AMB),
Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), entre outras
entidades.
Em reunião da Comissão Coordenadora do Programa de Valorização
do Profissional da Atenção Básica nesta quarta-feira (5), em
Brasília, o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital Lima, ressaltou
a importância do projeto, entretanto ponderou a necessidade que se
trabalhe em mecanismos permanentes. “O projeto vem ao encontro de
interesses dos profissionais e da população. Mas não vamos abrir
mão de buscar uma solução definitiva para interiorizar o
profissional, como qualidade de assistência, a criação de uma
carreira de Estado e oferta de melhor remuneração”.
Podem se candidatar a receber estes profissionais 2.286
municípios que passaram nos critérios do Ministério. O cálculo
considerou o percentual de moradores da zona rural e em situação de
extrema pobreza. Os estados do Nordeste que mais tiveram
solicitações foram a Bahia, o Piauí, o Maranhão e o Ceará.
Os profissionais integrarão as equipes de Saúde da Família com
contratos regidos pela CLT por 12 meses. O projeto também prevê a
inserção de mil enfermeiros e 700 odontólogos.
De acordo com o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação
na Saúde, Milton Arruda, a proposta é garantir acesso à saúde de
qualidade para os municípios mais carentes. “Buscamos a garantia do
acesso a população e sabemos que não conseguiremos sem os
médicos”.
O conselheiro do CFM, Mauro Ribeiro, que também acompanhou a
reunião, destacou a importância da telemedicina neste processo, já
que a maioria dos voluntários serão recém formados. “A supervisão é
essencial, pois observamos que a solidão profissional é uma das
causas de abandono”.
A Comissão pretende estudar quais serão os critérios de seleção
dos candidatos, forma de supervisão dos profissionais, segurança de
remuneração, questões contratuais, critérios de desempenho, forma
de adesão dos municípios e papel dos estados. Uma nova reunião da
Comissão foi agendada para o dia 18 de outubro.