Entre as 192 nações
avaliadas pela OMS, o Brasil ocupa a 151º posição. Diante de tal
quadro, o lançamento do Movimento Saúde e Cidadaniaganha mais
relevância, diz Antonio Lopes
Acaba de ser criado o Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do
SUS. Encabeçado pela Associação Médica Brasileira, Associação
Paulista de Medicina, representações de especialidades médicas,
como a Sociedade Brasileira de Clínica Médica, inclui, pela
primeira vez na história do Sistema Único de Saúde, entidades da
sociedade civil da maior respeitabilidade, como a Ordem dos
Advogados do Brasil/SP, a Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor – ProTeste, o Sindhosp, a ANAHP – Associação Nacional de
Hospitais Privadas, APCD – Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas, o CROSP – Conselho Regional de Odontologia de
São Paulo, Idec, entre dezenas de outras.
A ação de cidadania em defesa do SUS mostra, em primeiro lugar,
o crédito que o sistema tem entre os brasileiros de todas as áreas.
Criado pela Constituição de 1988, representa uma proposta
avançadíssima, garantindo integralidade e universalidade da
assistência aos cidadãos.
Por outro lado, essa união de setores, os mais diversos, também
retrata que o SUS da teoria não vingou na prática. Segue com
problemas gravíssimos, entre os quais a carência de financiamento e
falhas pontuais na gestão. O resultado é o atendimento em coma:
macas nos corredores das enfermarias e pronto-socorros, hospitais e
santas casas à beira da falência, dificuldades para o agendamento
das mais simples consultas e por aí vai.
Basta uma rápida busca na internet para confirmar que o caos da
saúde é iminente e desenha-se ano após ano. As notícias de tempos
atrás e as de hoje espelham uma tragédia anunciada pela
insuficiência de recursos.
Veja só algumas manchetes através dos tempos: 2003, Brasil é o
país que menos investe em saúde na América Latina; 2007,
Investimento ainda é baixo em comparação com outros países; 2008,
Brasil investe em saúde pouco mais que metade do gasto de países
vizinhos; 2010, Saúde sofre com falta de recursos e gerenciamento
precário; 2011, Brasil é lanterna em investimento na saúde.
Meses atrás, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou
relatório anual com dados sobre a saúde no mundo, entre eles os
investimentos no setor por país. Entre as 192 nações avaliadas,
ocupamos a medíocre 151º posição. Aqui, a parcela do orçamento
reservada à saúde é de 6%. A média africana, região extremamente
mais pobre e com incontáveis problemas sociais, é de 9,6%.
Existe consenso de que temos uma saída a curto prazo: a
regulamentação da Emenda Constitucional 29 (EC29), agora parada no
Senado Federal. Há dez anos tramitando no Congresso Nacional à
espera de normatização, a EC 29 prevê injeção de investimentos à
saúde. Estabelece ainda o que é realmente destinado à saúde, uma
forma de acabar com os desvios que acontecem hoje.
Só para ter uma ideia, sem a regulamentação, há estados que
contabilizam como investimentos para o setor gastos com
pavimentação, uniformes escolares, previdência, entre outros
absurdos.
Diante de tal quadro, o lançamento do Movimento Saúde e
Cidadania em Defesa do SUS ganha ainda mais relevância. É essencial
que todos os brasileiros tomem para si essa bandeira, pois saúde, é
um direito do cidadão e um dever do Estado, com consagrado pelo
Artigo 196 da Constituição da República.