Mesmo com a necessidade implantar,
pelo menos, 13 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
neonatal em Mato Grosso do Sul, para atender aos pacientes do
Sistema Único de Saúde (SUS), a Secretaria de Estado de Saúde (SES)
não deve concretizar o projeto nos próximos dois anos.
“Pelo andar da carruagem, não será nem
no próximo ano [2019]. Levantamentos e estudos realizados
demonstraram a necessidade de novos leitos, mas não tem previsão de
quando serão concretizados”, sentenciou a superintendente de
Atenção à Saúde da SES, Mariana Croda.
A previsão era de instalar dois leitos
em Campo Grande, provavelmente na Maternidade Cândido Mariano,
outros quatro, em Corumbá e sete, em Três Lagoas. Mas, por falta de
orçamento e também de mão de obra especializada, os planos só devem
voltar a ser discutidos a partir de 2020.
“Todos os leitos com previsão de serem
implantados estavam no planejamento, mas esbarram sobretudo na
limitação de recursos humanos, pois é necessária mão de obra
especializada. Além disso, os municípios, muitas vezes, não têm
recursos financeiros para tal. Mesmo se o Estado custear, os
profissionais são muito restritos no Estado
inteiro”,justificou.
Com a expansão, os leitos poderiam
ficar disponíveis em quatro municípios de Mato Grosso do Sul e não
apenas na Capital e em Dourados, como é atualmente. E a quantidade
de vagas teria aumento de 26%, passando de 50, aos pacientes do
Sistema Único de Saúde (SUS), para 63.
Os leitos atuais não são suficientes
para atender a demanda e, na rede privada, a situação é ainda pior:
são apenas 13 leitos – dez em Campo Grande e três em Dourados.
No caso de leitos de UTI pediátrica
(para crianças entre 28 dias e 12 anos), enquanto o SUS mantém 33,
pelos planos e hospitais particulares não há vagas específicas.
Toda a demanda acaba novamente na rede pública.
As duas maiores operadoras de planos
de saúde no Estado, Caixa de Assistência dos Servidores do Estado
do Mato Grosso do Sul (Cassems) e Unimed Campo Grande – que juntas
têm aproximadamente 300 mil usuários –, confirmaram o problema.
Mesmo com hospitais próprios recém-inaugurados, ambos não possuem
nenhum leito de UTI neonatal ou pediátrica.
Em nota, a Unimed informou que possui
recursos próprios e contratados, e o serviço de pediatria do novo
hospital foi aberto no início deste mês, porém, “ainda não oferece
leitos de UTI pediátrico e neonatal”. Para atender aos usuários, a
operadora contrata leitos da Santa Casa – que disponibiliza quatro
vagas para pacientes de planos e particular – e da Maternidade
Cândido Mariano – que possui mais seis –, “que são prestadores
credenciados”.
“Além desses leitos no município, a
Unimed Campo Grande possui, em sua rede nacional, leitos que podem
ser utilizados quando, por alguma razão, não há leitos disponíveis
nos locais. Vale destacar que a lei que regulamenta a atividade de
planos de saúde no Brasil prevê a indenização ao SUS, caso sejam
utilizados leitos da rede pública por beneficiários de planos de
saúde”, informou a Unimed.
A Cassems também informou que as UTIs
pediátrica e neonatal do hospital inaugurado no ano passado “não
estão funcionando” e que está em andamento “um projeto de expansão
da unidade”.
“Estamos projetando a abertura da
mesma [unidade] com dez leitos para o fim deste ano. Para isso,
estamos em reforma, capacitação de equipe e em todos os processos
necessários para abrir um espaço de alta complexidade como este”,
disse a entidade em nota.
Além disso, informou também que
“atualmente, quando necessário, nossa Central de Regulação de Vagas
abre chamada para as UTIs existentes na cidade e é feita a
transferência da criança”.
Reportagem do Correio do Estado
publicada ontem mostrou que apenas dez leitos de UTI neonatal na
Capital e outros três em Dourados estão disponíveis para atender
aos pacientes de planos de saúde e particulares.
E com a baixa quantidade disponível,
mesmo quem paga pelo serviço particular de saúde, acaba dependendo
do SUS para atendimento intensivista de recém-nascidos e de
crianças, já que não há leitos privados de UTI neonatal e
pediátrica no Estado.