A insurtech capixaba Coover está
inovando no mercado de seguros com uma volta às origens da
indústria: o mutualismo.
A
empresa laçou recentemente um seguro para celulares com uma
cobertura considerada bastante arriscada, sobretudo em um mercado
em que as fraudes são uma marca. O seguro da Coover não tem
restrição de idade do aparelho, oferece proteção para danos, roubos
e furtos, no Brasil e no exterior, sem carência nem exigência de
nota fiscal e contratação totalmente digital pelo app da
seguradora, onde o próprio cliente faz a vistoria de forma remota.
O cliente paga uma assinatura e pode cancelar a qualquer tempo. O
segredo para mitigar os riscos e reduzir fraudes: grupos de
confiança onde o risco moral fala mais alto.
O
seguro celular é uma parceria com a seguradora Zurich e chegou ao
mercado mais de cinco anos depois da insurtech ter sido multada
pela Susep, o órgão regulador do setor, por testar esse modelo de
forma piloto, com apenas três pequenos grupos de 30
pessoas.
Na época, Jó Beduschi, co-fundador
e CEO da Coover, não se fez de rogado. Procurou a superintendência
para tentar inovar dentro de um ambiente regulado. Foram anos até
que a Susep se estruturou para lançar o chamado sandbox
regulatório, uma “caixa de areia” onde os novos players podem
“brincar” dentro de certas regras.
Em fevereiro, a Coover foi uma das
primeiras insurtechs a se habilitar como seguradora experimental
nesse modelo. Para ganhar tempo, o seguro chegou ao mercado em uma
parceria com a seguradora Zurich, uma das líderes em seguro para
celulares novos no país e com quem a Coover firmou um acordo de
preferência para rodadas de investimentos futuras.
O
produto foi lançado em agosto e a empresa não revela dados de
sinistralidade. Na época do piloto, a taxa ficou entre 6% a 15%,
bem abaixo de uma média de 40% do mercado. — Ainda está cedo para
oficializarmos os dados, mas a sinistralidade está em linha com o
piloto, bem abaixo da média do mercado — , explica Beduschi.
Até o início do ano que vem, a
empresa deve lançar seu segundo produto: um seguro regulamentado
para animais domésticos, e que também terá o formato de grupos de
mútuo.
Mas
a grande inovação ainda está por vir. A Coover está testando
modelos matemáticos para que os algoritmos consigam formar grupos
de forma automatizada mantendo o conceito de risco moral que existe
em grupos de confiança.
Em outra frente, a insurtech estuda
aplicações com o uso de blockchain para reduzir fraudes. — Esse é
um mercado pouco inovador e com imenso potencial, mas que ainda não
está pronto para o blockchain. Mas estamos construindo provas de
conceito — diz Beduschi.
Uma
das aplicações possíveis seria um registro comum para os
smartphones, para que as seguradoras possam consultar e saber se um
EMEI (código de identificação individual dos aparelhos) já foi
segurado em outra operadora. Uma das fraudes mais comuns é o
cliente fazer seguro em diferentes empresas e com um roubo pedir
indenização para todas.
Com sede no Espírito Santo, a
Coover já levantou um seed money no ano passado
e planeja abrir uma série A no ano que vem.