Entenda como o sódio age no organismo e porque a redução do
consumo a níveis recomendados pela OMS permitiria que 1,5 milhão de
brasileiros abolissem a medicação para hipertensão
Apesar de ter papel importante no organismo e contribuir para um
bom funcionamento do corpo, o consumo abusivo do sal de cozinha
pode trazer problemas à saúde.
O excesso de sódio, principal componente do sal de cozinha, está
associado ao desenvolvimento da hipertensão arterial, de doenças
cardiovasculares, renais e outras, que estão entre as primeiras
causas de internações e óbitos no Brasil e no mundo.
O sódio é responsável pela regulação da quantidade de líquidos
que ficam dentro e fora das células. Quando há excesso do nutriente
no sangue, ocorre uma alteração no equilíbrio entre esses líquidos.
O organismo retém mais água, que aumenta o volume de líquido,
sobrecarregando o coração e os rins, situação que pode levar à
hipertensão. A pressão alta prejudica a flexibilidade das artérias
e ataca os vasos, coração, rins e cérebro. Dados da Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel 2011) do Ministério da Saúde revelam que 22,7%
dos brasileiros já receberam diagnóstico de hipertensão.
Por dentro, os vasos são cobertos por uma fina camada, que é
lesionada quando o sangue circula com pressão elevada. Com isso,
eles se endurecem e ficam estreitos, podendo entupir ou romper com
o passar dos anos. O entupimento de um vaso no coração pode levar a
um infarto -- 79.297 óbitos em 2010. No cérebro, o entupimento ou
rompimento levam ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido
como derrame – causou 99.159 mortes em 2010. Nos rins, podem
ocorrer alterações na filtração do sangue e até a paralisação dos
órgãos.Portanto, evitar a ingestão excessiva de sal é uma medida
simples que pode prevenir contra vários problemas graves de
saúde.
A recomendação de consumo máximo diário de sal pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) é de menos de cinco gramas por pessoa. O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela, no
entanto, que o consumo do brasileiro está em 12 gramas diários,
valor que ultrapassa o dobro do recomendado. Se o consumo de sódio
for reduzido para a recomendação diária da OMS, os óbitos por
acidentes vasculares cerebrais podem diminuir em 15%, e as mortes
por infarto em 10%.
Ainda estima-se que 1,5 milhão de brasileiros não precisaria de
medicação para hipertensão e a expectativa de vida seria aumentada
em até quatro anos.
OPÇÃO SAUDÁVEL – Uma das maneiras mais práticas de diminuir o
consumo de sódio é observar as informações nutricionais no verso
das embalagens ao comprar alimentos industrializados. Se a
quantidade for superior a 400mg em 100g do alimento, é considerado
um alimento rico no nutriente, sendo prejudicial à saúde. É
recomendável sempre por escolher aquele que apresentar menos
sódio.
“Além de reduzir a quantidade de sal no preparo da comida,
podemos substituí-lo por outros condimentos, que inclusive vão dar
um sabor melhor. É melhor utilizar ervas desidratadas e temperos
naturais, como salsa, cebolinha, pimenta e outros. O uso de
temperos industrializados também deve ser evitado, pois contêm alto
ter de sódio”, recomenda Patrícia Jaime, coordenadora de
Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Para contribuir com a diminuição do consumo de sódio, o
Ministério da Saúde firmou um acordo com a indústria alimentícia
pela redução gradual do teor de sódio em alimentos processados.
Desde 2011, governo federal fechou três termos de compromisso para
que várias categorias de alimentos sejam produzidas com menos
sódio.
“Esse acordo incentiva a indústria a oferecer alimentos menos
prejudiciais à saúde e reforça o compromisso do governo federal na
promoção de hábitos de vida mais saudáveis dos brasileiros. Com a
iniciativa, o Brasil protagoniza a elaboração de um modelo que pode
virar referência para diversos países”, completa Patrícia
Jaime.
Temperos, caldos, cereais matinais e margarinas vegetais,
macarrões instantâneos, bisnagas e vários outros terão metas para
os próximos anos de redução do teor de sódio. Somados os três
convênios, a previsão é de que até 2020, estejam fora das
prateleiras mais de 20 mil toneladas de sódio. O acordo determina
acompanhamento das informações da rotulagem nutricional dos
alimentos e as análises laboratoriais de produtos coletados no
mercado.