As seguradoras brasileiras já fizeram ajustes significativos para conviver com taxas de juros menores, mas ainda precisam adotar estratégias para manter o nível de retorno financeiro ao acionista, afirmou o economista da Escola Nacional de Seguros, Lauro Vieira de Faria, durante palestra no evento “Mesa Redonda – Os efeitos da atual política de juros no mercado de seguros e previdência”, promovido em São Paulo, pela Escola Nacional de Seguros, no dia 31 de outubro.
Segundo ele, a cada um ponto, o percentual de redução da taxa de juros às seguradoras precisa melhorar em um ponto percentual o índice combinado (faturamento menos despesas e pagamentos de indenizações), indicador conhecido no setor por medir a eficiência operacional de uma companhia.
Quanto menor, melhor. “Se comparado ao mercado internacional, onde a relação é de um ponto percentual de queda de juros, há uma necessidade de melhorar três pontos percentuais de índice combinado, as seguradoras no Brasil estão muito capitalizadas”, afirma. As seguradoras do ramo vida devem ser mais atingidas pela baixa da taxa de juros, acredita Faria. “Mas é preciso olhar cada caso, empresa a empresa”, citou. Já seguros gerais, que envolve bens patrimoniais, tem menos chance de ser afetado em razão dos contratos serem de curto prazo, de no máximo, um ano.
Faria fez uma pesquisa com 52 seguradoras e usou o banco de dados público da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O estudo mostrou que, nas seguradoras do segmento de seguros gerais, o resultado financeiro sobre o prêmio ganho era de 15% em 2003 para 8% em agosto de 2012. O índice combinado melhorou dez pontos percentuais, passando de 110% para 102%.