A Advocacia-Geral da União (AGU) começou na terça-feira, 17, a
notificar os conselhos regionais de medicina do país para que
informem as falhas encontradas na documentação que estariam
impedindo a concessão do registro provisório para estrangeiros do
Mais Médicos.
Conselhos Regionais têm apontado uma série de problemas nos
documentos apresentados pelo Ministério da Saúde para inscrição dos
profissionais. Dos 624 pedidos feitos pela Pasta até agora, nenhum
foi autorizado. O prazo para que a informação seja fornecida pelos
conselhos não foi divulgado pelo governo.
Diante da falta de documentos, é grande a possibilidade de o
governo ter de adiar, mais uma vez, o início das atividades dos
profissionais estrangeiros. Semana passada, justamente para driblar
a falta dos registros, o Ministério da Saúde criou, às pressas, um
"curso de acolhimento", para os profissionais nas capitais dos
Estados onde eles irão atuar
Nesta terça o presidente do Conselho Federal de Medicina,
Roberto D'Ávila, afirmou que mesmo exigências contidas na Medida
Provisória, como documentos portando selo consular, estão sendo
desrespeitadas. As informações foram dadas um dia depois da
divulgação de um parecer da AGU proibindo a exigência de documentos
que extrapolassem a lista da Medida Provisória.
Além dos documentos descritos na MP, os conselhos requisitam o
local onde o profissional estrangeiro vai trabalhar, o nome do
supervisor e do tutor do médico. Informações que, de acordo com o
CFM, são indispensáveis para a fiscalização dos profissionais. "Não
vamos nos deixar intimidar e nem ser mais ou menos rigorosos com
participantes desse programa", disse D'Ávila. "Não é problema nosso
se o governo precisa ser mais competente administrativamente."
A resistência dos conselhos regionais deu mais munição para o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defender-se das críticas
recebidas. "Enfrentamos um verdadeiro corredor polonês da
xenofobia", disse ele.
Nesta terça-feira Padilha mais uma vez reclamou das tentativas de
boicote na fase de inscrição dos médicos brasileiros, das ações
judiciais, da desistência dos profissionais brasileiros ao assumir
as vagas e das ameaças contra tutores e supervisores do programa.
Ele enfatizou que está disposto a confrontar todas as contestações
contra o programa que não tenham base técnica e jurídica. "Acho uma
tremenda insensibilidade com o sofrimento do povo brasileiro que
está precisando de médico.".