Grupo criado no aplicativo
WhatsApp facilita comunicação e garante atendimento mais rápido em
caso de desastres e ocorrências com múltiplas vitimas; sistema foi
testado no incêndio do Memorial da AL
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo decidiu apostar
nas redes sociais para mobilizar sua "tropa de elite" do resgate
médico no caso de desastres e acidentes com múltiplas vítimas,
agilizando o atendimento pré-hospitalar dos pacientes na capital e
região metropolitana da Grande São Paulo.
Agora, médicos e enfermeiros do Grau (Grupo de Resgate e
Atendimento às Urgências) são acionados via WhatsApp, aplicativo de
mensagens de texto via internet. A iniciativa visa reduzir o tempo
utilizado na habitual chamada telefônica dos profissionais,
acelerando a chegada deles no local da ocorrência.
Pelo sistema convencional, é preciso ligar para todos os
profissionais por meio de um sistema de "cascata": o médico chefe
do plantão é avisado da ocorrência e entra em contato com o
primeiro nome do médico e enfermeiro da lista que, por sua vez,
liga para o segundo e assim por diante, até que todos os membros da
equipe sejam avisados.
Como o aplicativo permite a criação de "grupos de conversa",
todos os médicos e enfermeiros são avisados simultaneamente,
economizando tempo e acelerando o processo de mobilização dos
profissionais para o atendimento de urgência nas ruas de São
Paulo.
Além disso, um único "ok" de cada membro permite que o chefe
de plantão saiba imediatamente quem está disponível e a caminho
para atendimento no local da ocorrência.
Já foi possível testar o novo sistema de comunicação via
WhatsApp no incêndio do auditório Simón Bolívar, do Memorial da
America Latina, no último dia 29 de novembro, e do desabamento de
um prédio em construção na cidade de Guarulhos.
"É fundamental acompanharmos a evolução dos meios de
comunicação e acrescentarmos as facilidades deles aos serviços de
emergência, em que o tempo de resposta é determinante para vida ou
morte", salienta Jorge Ribera, diretor do Grau.
Foram criados no aplicativo três grupos diferentes: um para
chamada e recrutamento dos profissionais disponíveis, outro pelo
qual os médicos e enfermeiros podem conversar para trocar
informações sobre a ocorrência sem congestionar ou tirar o foco do
aviso e um terceiro para desmobilização da equipe. Todos os médicos
e enfermeiros do serviço foram adicionados e têm acesso às
informações disponibilizas nos três grupos. Além disso, foram
feitas reuniões para definição de regras de utilização de forma a
garantir o bom funcionamento do sistema, além de aprimorar o
serviço com sugestões e esclarecer dúvidas. A ferramenta também
será implantada nas bases novas do Grau localizadas no interior e
litoral do Estado.
Referência
O Grau é referência nacional e até mesmo
internacional em resgate médico e atendimento a
desastres. A "tropa de elite" da Secretaria esteve presente em
tragédias históricas, como a explosão do Osasco Plaza Shopping
(1996), queda do teto da Igreja Renascer, quedas das aeronaves da
TAM (1996), Gol (2006) e a dos Mamonas Assassinas (1996), além das
enchentes que atingiram Santa Catarina (2008), São Luiz do
Paraitinga, no interior paulista (2010) e Alagoas
(2010).
Os cerca de 100 profissionais
do Grau especializados em catástrofes e atendimento a
vítimas de acidentes realizam aproximadamente 18 mil
socorros médicos por ano. Na capital paulista as cinco bases
terrestres do serviço ficam na Praça da Sé, Casa Verde, Cambuci,
Butantã e Itaquera.
A equipe do Grau, que passa por diferentes e exaustivos
treinamentos, como negociação em sequestros e balística, integra um
sistema de resgate composto também pelo
Corpo de Bombeiros e o Grupamento de Rádio e
Patrulha Aérea da Polícia
Militar.Além de participar de ações
áreas de resgate médico, por meio dos helicópteros
Águias da Polícia Militar, o Grau também disponibiliza
viaturas rápidas, com especialistas e equipamentos aptos à
prestação de atendimento rápido para a vítima
ainda em rua antes da chegada de uma
ambulância.
O acionamento do Grau é feito pelo telefone 193,
Central de Operações do Corpo de Bombeiros
(Cobom), cabendo ao Médico Regulador do grupo, por meio de
informações recebidas e após o despacho da viatura adequada,
monitorar e orientar os profissionais no local
além de indicar o melhor recurso hospitalar para cada
tipo de atendimento.
Levantamento realizado pelo Grau mostra que 80% das
cerca de 1.000 vítimas encaminhadas pelo serviço ao
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na
capital paulista, sobreviveram e tiveram altas.