O Itaú Unibanco confirmou na sexta-feira a venda de sua seguradora de grandes riscos para a americana Ace por R$ 1,515 bilhão, sem restrições que pudessem reduzir o preço do negócio, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, no começo da semana passada.
O contrato assinado com a Ace não prevê qualquer tipo de ajuste que possa afetar futuramente o valor acordado. “Nós demos total acesso às informações da empresa aos interessados e eles [Ace] entenderam que tiveram acesso a tudo e se sentiram confortáveis. Não há ajustes posteriores”, afirmou Marcelo Kopel, diretor de relações com investidores e finanças do Itaú.
De acordo com Kopel, a apólice da mineradora Anglo American do Porto de Santana, no Amapá, será transferida à Ace também. A seguradora do Itaú negou o pagamento da indenização, de R$ 360 milhões, e a Anglo American tenta obter o direito na Justiça, conforme noticiou o Valor. “Esse contrato foi objeto de avaliação e o comprador entendeu o risco”, disse Kopel. O diretor ressaltou que o resseguro nessa operação é de 95% e por conta disso, segundo ele, não haverá grande impacto financeiro para a seguradora caso a Anglo American vença a disputa.
A transferência da seguradora para a Ace vai ocorrer apenas no primeiro trimestre de 2015. “O consequente pagamento [ao Itaú] também só deve ocorrer no primeiro trimestre”, disse o diretor de relações com investidores e finanças do banco. Segundo ele, não é possível precisar a data, pois a conclusão do negócio depende da aprovação dos órgãos reguladores. “Mas pela nossa experiência esse deve ser o prazo.”
O Itaú estima que a venda tenha impacto contábil de R$ 1,1 bilhão para o seu lucro líquido.
Com base em dados pro-forma do fim de 2013, a operação de seguros de grandes riscos do Itaú tinha aproximadamente R$ 2 bilhões em prêmios de seguros, patrimônio líquido de R$ 364 milhões, ativos de R$ 5,8 bilhões, provisões técnicas de R$ 4,6 bilhões e 323 funcionários. A diretoria e toda a equipe dessa unidade de negócio vão passar a fazer parte da Ace, “assegurando a perfeita transição para os clientes, diz comunicado do banco.
Kopel explicou que o Itaú decidiu desfazer-se da carteira de grandes riscos porque o produto demanda um grande esforço de venda, enquanto boa parte da receita acaba repassada a terceiros no momento de se fazer o resseguro no mercado internacional. “Concluímos que, diferentemente dos seguros massificados, vender a operação de grandes riscos não altera a nossa proximidade em relação aos clientes”, disse, completando que esses contratos são cotados caso a caso e mudam de seguradora muito facilmente.
Com a venda da Itaú Seguros Soluções Corporativas, empresa que será criada para abrigar a carteira de grandes riscos, o banco ficará com as carteiras de seguros massificados, voltados à pessoa física, o que inclui patrimonial, veículos, acidentes pessoais, vida e garantia estendida.
Com a aquisição, a Ace vai triplicar seu tamanho no país e se tornar líder em riscos corporativos. Em comunicado emitido pela matriz, a Ace destacou que a companhia adquiriu a maior carteira de riscos corporativos do país. “O Brasil é um mercado grande e importante para a estratégia da Ace na América Latina”, disse Evan Greenberg, presidente executivo e do conselho de administração da Ace Limited.
A seguradora americana desbancou a francesa Axa e a alemã HDI na concorrência pelo ativo. Segundo fontes, as duas tinham boas chances de levar o negócio, mas pesou a favor da Ace justamente o fato dela ter feito uma oferta sem restrições.