Em pleno período de colheita de arroz, a plataforma agrícola adquirida pelo governo do Estado para auxiliar agricultores gasparenses vem sendo centro de uma polêmica. Para utilizar o equipamento, que serve para transportar colheitadeiras entre uma propriedade e outra pelas estradas e rodovias do município, os agricultores estão tendo que comprovar seguro do equipamento, o que causa empecilhos e motiva queixas de parte dos rizicultores.
Segundo a Secretaria de Agricultura, há três normas a serem cumpridas pelos produtores que quiserem utilizar a plataforma agrícola: pagamento das taxas estaduais ou federais, comprovação de escolta disponível para o transporte e comprovação de contratação de seguro para a operação. Esta última determinação, que surgiu apenas neste ano, após orientações da Procuradoria-Geral, é que vem causando reclamações, já que boa parte das cerca de 20 colheitadeiras existentes no município não possui seguro contratado.
“Tanto o cavalo quanto a plataforma possuem seguro, mas apenas contra terceiros. Para transportar o equipamento do agricultor, o município precisa de uma garantia para não correr o risco de ter que arcar com prejuízo no caso de algum acidente”, argumenta o secretário de Agricultura, Alfonso Hostert. Segundo ele, os agricultores entendem a importância da norma, mas consideram que isso pode representar um empecilho para o serviço.
De acordo com rizicultores procurados pela reportagem, os agricultores costumam encontrar dificuldades para fazer o seguro das colheitadeiras, tanto pelo alto custo quanto pela recusa de algumas seguradoras, que não aceitam contratos com equipamentos com mais de cinco anos. Para eles, a melhor solução seria o município contratar um seguro completo do cavalo, caminhão que puxa a plataforma e faz o transporte, o que daria garantias em caso de acidentes com as colheitadeiras. Segundo o secretário, o valor inviabiliza a contratação do seguro total.
Sem procura
De imediato, o impasse afastou o interesse neste início de colheita pela plataforma agrícola, que neste ano não registrou nenhuma solicitação. Em dezembro, uma reunião entre Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gaspar, Sitrug, e Secretaria de Agricultura, já havia discutido os termos para a solicitação dos serviços da plataforma. “Está faltando o pessoal entender que esse equipamento veio para solucionar os problemas de transporte de colheitadeiras, que antes era feito de forma irregular no município”, defende Alfonso Hostert.
A plataforma agrícola custou R$ 108,8 mil e foi adquirido por meio de uma parceria com o governo do Estado. Ele fica à disposição dos agricultores que precisam deslocar colheitadeiras no momento do primeiro corte, a partir de janeiro, e na chamada “ressoca”, por volta de abril.
Produtores dão início à colheita de arroz
Em meio às dificuldades para solicitar a plataforma agrícola, os rizicultores iniciaram entre a última semana e esta a colheita do arroz nas plantações de Gaspar. Por enquanto, a produtividade ficou um pouco abaixo do esperado. O principal fator seria o clima, de muita chuva após dezembro. Os valores pagos pelos produtores estão em torno de R$ 35 por saca. No ano passado, no mesmo período, o preço girava em torno de R$ 37. A esperança é de que o valor se mantenha nas próximas semanas.