Se uma seguradora faliu, a culpa é do corretor? Esse foi o
tema da última edição do programa “Pare e Pense”, com o diretor
executivo do CQCS, Gustavo Doria Filho. “Estou impressionado com a
distorção a respeito da Nobre Seguradora. Se colocou de uma forma
como se o corretor fosse culpado pela quebra da seguradora. Mas, os
responsáveis são os controladores e os executivos da companhia. Não
há outro responsável. Em nenhum momento falei que o corretor é
responsável. Eu disse que o corretor é responsável por onde coloca
o risco do cliente”, comentou Doria.
Ele acrescentou que é preciso haver consciência de que todo
negócio onde se pega o dinheiro primeiro para pagar perda futura,
dando desconto, aceitando risco duvidoso, trabalhando com nicho
onde ninguém quer trabalhar, sem nenhum diferencial, não funciona.
“Laranja madura na beira da estrada, está bichada ou tem marimbondo
no pé. O corretor pode ser responsabilizado por ter colocado o
risco nessa companhia, mas quem quebrou a Nobre foram controladores
e executivos”, acentuou.
Gustavo Doria salientou ainda que é necessário haver uma
“reflexão estratégica do negócio”, para se avaliar o risco de
apostar em um ramo que não tem colocação e que traz prejuízos para
os clientes e para o próprio corretor. “Quem pensa no futuro da
empresa precisa ser responsável. O corretor não é obrigado a
trabalhar em todos os ramos. Ele precisa escolher nichos onde
prefere trabalhar. E quando a seguradora aceita riscos que ninguém
aceita, pelo mesmo preço daquela que quebrou, não tem milagre”,
frisou.
Por fim, ele sugeriu que os corretores fiquem atentos a
carteiras que oferecem problemas e citou o seguro Dpem, onde
nenhuma seguradora quer mais operar. “Corretor, escolha bem, pois
você pode ser responsabilizado pelo segurado por ter colocado o
risco onde não devia. Pare e pense: onde vale a pena investir seu
tempo e o seu dinheiro?”, concluiu.