Os planos de saúde poderão oferecer até 30%
de desconto nas mensalidades se seus clientes aderirem a algum
programa de prevenção de doenças e de envelhecimento saudável
oferecido pela própria operadora. O benefício proposto pela ANS
(Agência Nacional de Saúde) entrou em consulta pública na semana
passada e ficará em discussão até 14 de junho.
Qualquer pessoa pode opinar sobre o assunto no site da agência.
Após o prazo, todas as opiniões serão analisadas por uma equipe
técnica para ser colocada em prática, afirma Martha Oliveira,
gerente geral de regulação assistencial da ANS.
No entanto, a RN 42 (resolução normativa 42) não obriga as
operadoras a conceder o desconto, deixando a escolha a cargo da
própria empresa, diz Martha.
- Neste primeiro momento esse oferecimento é facultativo, porque
a gente tem que ver como vai ser essa organização. A formatação dos
programas tem de ser muito individualizada para cada plano, de
forma a deixá-la o mais adequadamente possível para seu
público.
Martha afirma que isso pode mudar, caso as posições na consulta
pública indiquem o contrário. Só nos dois primeiros dias de
consulta, mais de 5.000 pessoas participaram dando opiniões, destas
90% de consumidores.
E mesmo as operadoras se mostram favoráveis a medida, afirma a ANS.
Desde o começo da consulta, algumas já procuraram a agência a fim
de mostrar projetos prontos, afirma a gerente.
- Todo mundo quer sair na frente nesse quesito porque é
altamente atrativo. As operadoras vão disputar quem faz o melhor
programa, vão querer atrair beneficiários e, além disso, sabem que
é importante para a sobrevivência da operadora no mercado, que
cuide das pessoas antes de eventos mais graves.
Mas o que fazer se a possível obrigatoriedade ou pressão de criar
programas causar novos custos para as empresas? A gerente da ANS
diz que somente operadoras com a saúde financeira em dia poderão
levar programas como estes adiante. Isso porque não será permitido
repassar os custos do programa ao consumidor.
- A gente sabe que a criação do programa envolve um custo,
porque no começo você acaba aumentando o número de exames e de
consultas. Ela [a operadora] teria que se organizar e dar o
desconto. Apesar disso, as que estão se organizando veem a falta de
adesão como um dos grandes problemas, não os custos.
Falta de adesão
A falta de adesão é mesmo uma realidade até entre as operadoras que
já oferecem programas de medicina preventiva. A Amil, que tem
programas para obesidade, anti-tabagismo, de reeducação alimentar e
para diabéticos, afirma ser um desafio manter os beneficiários nos
programas.
Segundo Cláudio Tafla, gerente médico da diretoria médica da Amil,
“falta engajamento da população na prevenção”.
- Somos favoráveis [a resolução da ANS], mas a gente acha que a
população vai continuar com baixo nível de adesão. O que se investe
em prevenção é muito menor, mas muito mais abrangente do que você
investe na doença depois.
A SulAmerica Saúde, que oferece aos seus beneficiários programas
voltados a diminuição de riscos de doenças, de investigação
nutricional e voltado à qualidade de vida de idosos, também é
favorável à resolução, mas prefere esperar o fim da consulta
pública para dizer se vai aderir ao desconto ou não, diz Marco
Antunes, diretor de operações empresa.
- Hoje, querendo ou não, a gente pratica esse desconto
intrinsecamente, mas não impede apoiar a iniciativa. É dar
consciência às operadoras que esse é o caminho, que vai ser
benéfico tanto para o pagador, quanto para o usuário e para a
operadora.
Em nota ao R7, a Fenasaúde, que representa 15 grupos de operadoras
privadas de assistência à saúde, de um total de 1.183 operadoras,
informou que “examinará os termos da consulta pública que será
aberta pela ANS e o tema será debatido entre as suas associadas”. E
afirmou que “apresentará as suas contribuições durante a consulta
pública”.
Todo beneficiário terá direito ao desconto
Na proposta da ANS, todo o beneficiário que aderir a algum programa
deste tipo terá direito ao desconto, sem discriminação de plano,
idade ou doença preexistente, afirma Martha. E não será permitido
vinculá-lo a resultados em saúde, ou seja, se a pessoa emagrecer,
parar de fumar, etc.
- O desconto ou a premiação estará vinculado à participação.
Todo mundo que está no plano terá direito à bonificação [desconto],
desde que faça a adesão ao programa.
A adesão ocorre geralmente quando o beneficiário é abordado pela
operadora via ligação telefônica, ou carta, mas também pode partir
da ação do próprio cliente, bastando entrar em contato com o plano
por telefone ou pelo site. Para que a adesão seja realizada de
fato, o beneficiário assina um termo de participação, pelo qual
ficará sabendo “todas as regras do jogo”. Se for plano empresarial,
o beneficiário pode entrar em contato com o departamento de
recursos humanos da sua empresa para ter informações.
Segundo a ANS, é obrigação de toda operadora avisar a todos seus
beneficiários, seja qual for a categoria do plano, a existência de
programas voltados ao seu público-alvo.
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