De acordo com Comissão Estadual de Mobilização Médica para a Saúde Suplementar até o presente momento 12 operadoras, que atuam no Estado de São Paulo e que terão o atendimento suspenso, não entraram em contato para negociação; entidades garantem que atendimento de urgência e emergência continuará
Em mais uma ação com o intuito de pressionar e chamar atenção da sociedade para a atual situação do médico no setor de saúde brasileiro e em continuidade ao movimento de paralisação nacional da categoria iniciadas em 7 de abril, a Comissão Estadual de Mobilização Médica para a Saúde Suplementar divulgou na manhã desta quarta-feira (10/08), em coletiva na Associação Paulista de Medicina, os nomes das 12 operadoras de saúde, que a partir de 1 de setembro terão o atendimento suspenso e trabalharão no sistema de rodízio de especialidades nos procedimentos eletivos. A Comissão garante que o atendimento de urgência e emergência seguirá normalmente.
Os nomes das empresas são: Ameplan, Assefaz, Cetesb, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Green Line, Intermédica, Mediservice, Notredame, Porto Seguro, Prosaude, Vale e Volksvagen. De acordo com a Comissão, muitas dessas empresas não responderam a correspondência das entidades médicas ou não chegaram a negociar os valores dos honorários.
De acordo com o presidente da Associação Paulista de Medicina, Jorge Cury, a Comissão está aberta para negociar as reivindicações com as operadoras de saúde mencionadas, mas que a medida foi tomada. pois “ já existe falta de assistência à população” e que de acordo com pesquisa da entidade a glosa em 80% dos médicos consultados.
Não há como estimar o número certo de quantos médicos suspenderão os atendimentos, de acordo Florisval Meinão, integrante da Comissão, a conta que se faz é que com 110 mil médicos atuando no estado e estimando que 60% atendam plano de saúde, sendo que em média cada profissional atende 10 convênios, serão 40 mil médicos envolvidos.
A Comissão também divulgou o nome das empresas que apresentaram propostas de negociação, são elas: Abet, Amil, Blue Life, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Cassi, Dix, Embratel, Fundação Saúde Itaú, Gama Saúde, Geap, Golden Cross, Medial, Metrus, MPU, Petrobras, Prodesp, Sabesprev e Sul América.
Careplus, Cespe e Marítima enviaram propostas ontem (09/08) à Comissão e portanto, estão ainda sendo avaliadas.
Reivindicações
A pauta de reivindicações do movimento estadual inclui consulta de R$ 80 e procedimentos atualizados de acordo com a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), inserção do índice de reajuste anual nos contratos entre médicos e empresas e fim das interferências sobre a autonomia dos médicos.
“É uma medida desesperada. Desde o ano 2000 tentamos negociar com as operadoras.Os médicos não estão conseguindo manter seus consultórios”, afirmou o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), durante a coletiva. Segundo ele apesar da inflação medida pelo IPCA entre 2000 e 2011 ter ficado em 120% e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ter reajustado os planos de pessoa física em 150%, a classe médica ainda ganha em média entre R$25 e R$ 35 a consulta.
Apesar da estimativa de que os usuários da saúde suplementar atingidos por essa medida fique em torno de 3,2 milhões, o presidente do Sindicato dos Médicos, Cid Carvalhaes, enfatizou as intenções da classe. “ Em primeiro lugar nós estamos em uma posição de defesa dos pacientes”.
Confira a lista do rodízio de especialidade para o m ês de setembro, no finaldo mês de setembro serão anunciados as especialidades que entraram no rodízio de outubro e assim por diante. A Comissão enfatiza que as paralisações não têm data para terminar, mas que está aberta a negociação com as operadoras a qualquer momento.
Rodízio de especialidades – paralisação do atendimento*
01 a 03 de setembro
Ginecologia e Obstetrícia
08 a 10 de setembro
Otorrinolaringologia
14 a 16 de setembro
Pediatria
19 e 20 de setembro
Ortopedia e Traumatologia
21 a 23 de setembro
Pneumologia e Tisiologia
28 a 30 de setembro
Cirurgia Plástica
Os anestesiologistas também vão aderir à paralisação e acompanharão o rodízio de cada especialidade. Ou seja, quando a ginecologia estiver em suspensão, o médico anestesiologista não realizará procedimentos ligados a especialidade em questão e assim sucessivamente.
Em nota, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo, (Abramge), explica que é livre a negociação entre as partes sobre os serviços a serem prestados.
“A remuneração é variável tanto sobre os valores acordados como também sobre quaisquer outras particularidades do relacionamento entre operadoras de planos de saúde e seus prestadores de serviços. A abramge, assim como outras entidades do setor, atuam de modo institucional em grupos de trabalho e câmaras técnicas discutindo, inclusive, a remuneração de médicos e outros prestadores de serviços da Saúde Suplementar”, conta.
E completa ao dizer que: ”o movimento dos médicos é aceitável, edsde que não prejudique o atendimento aos beneficiários dos planos de saúde”.