O anúncio do lucro de R$ 667 milhões
dos Correios, em 2017, expôs mais uma fraude do ilegítimo de Michel
Temer (MDB-SP), que está sucateando a empresa, fechando agências e
demitindo para ‘mostrar’ que ela é inviável e, portanto, precisa
ser privatizada. Na ofensiva para tornar a empresa mais atrativa
para a iniciativa privada, os Correios já demitiram mais de 20 mil
trabalhadores, ameaçam cortar mais 30 mil e anunciaram o fechamento
de mais de 500 agências.
A divulgação do resultado positivo
expôs a estratégia ardilosa do governo que foi obrigado a afastar,
pelo menos temporariamente, a possibilidade de venda da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos.
“O balanço positivo e o apoio dessa
Casa nos permitiram tirar da pauta a questão da privatização. Não
se fala mais nisso”, afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia e
Comunicações, Gilberto Kassab, ao ser questionado, em audiência
pública realizada na semana passada na Câmara dos Deputados, sobre
a estratégia usada para forçar a venda dos Correios.
O fato de a empresa não estar em
declínio, no entanto, não garante que o governo altere os planos de
desmantelamento dos Correios, denuncia José Rivaldo da Silva,
secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em
Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect).
Segundo ele, o verdadeiro déficit dos
Correios é com a mão de obra: faltam 40 mil trabalhadores para
atender todo o Brasil – em 2011, existiam 128 mil funcionários e
agora são 106 mil. E, para atender com agilidade e qualidade, a
demanda é de 145 mil trabalhadores operando em todas as regiões do
Brasil.
“Hoje a população anda meio revoltada
com os atrasos e extravios nas entregas, mas isso é fruto de um
processo pensado pela atual direção dos Correios que é precarizar
para justificar a privatização. Antes tínhamos uma empresa de
excelência nos padrões e qualidade reconhecida pela sociedade.
Hoje, boa parte da população reclama porque vai buscar encomenda e
o Correio atrasa, ou ela [a encomenda] não está lá”, diz
Rivaldo.
Segundo o dirigente, mesmo com o
anúncio de lucro acima de R$ 600 milhões e o desprovisionamento
[liberação de dinheiro ou valores reservados para alguma despesa
futura] de R$ 3 bilhões de reais, a direção da empresa segue
sucateando os serviços, fechando agências e demitindo
trabalhadores. Os trabalhadores sabem que nunca existiu
déficit e, sim, uma discussão incompatível com os números reais
registrados pelos Correios, explica o dirigente.
A explicação para o desprovisionamento
é a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadores. Os
empregados dos Correios e seus dependentes terão de pagar para ter
direito ao convênio de saúde. Foi isso que reduziu as despesas dos
Correios, que acabou economizando R$ 3 bilhões com o que havia
reservado para pagar planos de saúde aos trabalhadores e seus
dependentes.
“Isso também ajudou a aumentar o
tamanho do lucro”, afirma Rivaldo, que conclui: “Se anunciou o
lucro, não tem necessidade nem de demissão, nem de fechamento de
agências”.