SÃO PAULO — Os ganhos de eficiência não foram suficientes para
alavancar o resultado econômico-financeiro dos hospitais privados.
A conclusão é de levantamento da Associação Nacional de Hospitais
Privados (Anahp) que constatou que a receita líquida real das
instituições caiu 0,2% em 2017, para R$ 20,65 bilhões. Segundo Ary
Ribeiro, editor do levantamento, chamado de Observatório Anahp
2018, a ampliação do prazo de pagamento aos hospitais pelas
operadoras de saúde e o índice de glosa (recusa de pagamento por
parte das operadoras) foram os fatores que impactaram o
segmento.
— Apontar esses problemas não é uma lamentação, mas um
chamamento de porque isso está ocorrendo. 90% das nossas receitas
vem dos planos de saúde, por isso, aumentar o prazo de pagamento ou
ampliar o percentual de glosa, mesmo que pouco, tem um peso enorme
nas nossas receitas — disse Ribeiro ao GLOBO.
Os dois fatores, relatou ele, têm um impacto negativo direto no
fluxo de caixa dos hospitais, com a ampliação do custo financeiro
da operação. Para se ter uma ideia, o prazo de recebimento de um
serviço prestado pelo hospital saiu de 66,8 dias em 2016 para 73
dias em 2017.
— Isso se transforma em um problema de capital de giro. Desta
forma, as instituições são obrigadas a procurar capital no sistema
bancário. O que faz aumentar as despesas financeiras — explicou
Ribeiro.
Já sobre as glosas dos hospitais, medido em relação à receita
líquida, o índice subiu de 3,4% em 2016 para 3,8% em 2017, afirmou
ele.
O Observatório também aponta outras pressões de custo para os
hospitais: a participação do custo de pessoal (despesa com
empregados) saltou de 36,2% em 2016 para 37,4% em 2017; e a parcela
dos contratos técnicos e operacionais, que subiu de 13% para
14%.
Por outro lado, detalhou Ribeiro, "os esforços para aumentar a
eficiência dos recursos hospitalares foram identificados pelos
indicadores operacionais que, se por um lado mostraram recuo da
taxa de ocupação, por outro mostram tendência de recuo da média de
permanência dos pacientes internados e aumento do giro de
leito".
Em 2017, 90,3% da receita dos hospitais Anahp vieram de recursos
administrados por operadoras de planos de saúde. Deste total, 31,7%
de cooperativas médicas, 27,9% de planos de autogestão, 26,5% de
seguradoras, 13,2% de medicina de grupo, 0,6% de filantropia e 0,2%
de planos internacionais. E ainda 5,3% das receitas vieram do SUS;
3,7%, de gastos particulares; e 0,7% de demais fontes
pagadoras.
A taxa de ocupação passou de 76,94% em 2016 para 76,85% em 2017.
A média de permanência, por sua vez, caiu de 4,38 dias para 4,27
dias.