Somente neste ano, o Brasil terá quase 500 mil casos de câncer.
Os cânceres mais comuns em todas as regiões do Brasil serão o de
pele não melanoma, próstata e mama feminina. As informações fazem
parte da estimativa de incidência do Câncer no Brasil, produzido
pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) a cada dois anos. A
estimativa é uma ferramenta de planejamento e gestão da saúde
pública na área oncológica.
“A Organização Mundial de Saúde estima que a incidência do
câncer vai dobrar até 2023, principalmente nos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento””, afirma o médico
oncologista Ricardo Caponero. Para ele, o aumento do número
de casos está relacionado à longevidade da população. Como um dos
fatores de risco de câncer é a própria idade do paciente - quanto
mais velho é maior a probabilidade -, é natural que a incidência
seja maior.
De acordo com o Inca, o envelhecimento populacional é mesmo a
principal causa de câncer em todo mundo. A esperança de vida da
população brasileira, que era de 62 anos em 1980, será de 76 anos,
no ano de 2020. Quanto mais a população envelhecer, maior a
probabilidade de desenvolver o câncer.
Além do envelhecimento, o tabagismo, consumo de álcool,
sedentarismo e ingestão de comidas gordurosas são considerados
fatores de risco, além da exposição ao sol sem proteção. O controle
do tabagismo poderia evitar cerca de 30% dos novos casos de câncer,
proporção que sobe para 35% com uma alimentação rica em frutas,
verduras e fibras e pobre em gorduras.
“A incidência aumenta de forma geral, em todas as faixas
etárias, por isso temos a impressão de que as pessoas estão tendo
câncer mais cedo”, diz Caponero. Neste ano, a população
ficou comovida com casos de câncer em pessoas jovens, como o ator
Reinaldo Gianecchini, de 38 anos, diagnosticado com um linfoma
não-Hodgkin, um tipo de câncer que se desenvolve nos
linfócitos.
No último fim de semana, o ex-presidente Luís Inácio Lula da
Silva também foi diagnosticado com câncer de laringe. Outro caso
que ganhou notoriedade recentemente foi o de Steve Jobs. O
cofundador e ex-presidente do conselho de administração da Apple,
foi vítima aos 56 anos, de um tipo de tumor pancreático raro,
chamado de tumor neuroendócrino, que acomete uma a cada 100 mil
pessoas.
Em relação ao tipo de câncer, o de maior incidência é o de pele
do tipo não-melanoma. “São 130 mil casos por ano”, diz Caponero.
Entretanto, o câncer de maior mortalidade em homens é o de próstata
e, em mulheres, é o de mama. O segundo câncer que mais mata é o de
pulmão e o terceiro, de colo-retal.
Câncer Infanto-Juvenil
Por ano, são estimados mais de 9 mil casos novos de câncer
infanto-juvenil. Assim como em países desenvolvidos, no Brasil o
câncer já representa a segunda causa de mortalidade proporcional
entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, para todas as
regiões, de acordo com o Inca. Como a primeira causa são aquelas
relacionadas aos acidentes e à violência, podemos dizer que o
câncer é a principal causa de mortes por doença, após 1 ano de
idade, até o final da adolescência.
As neoplasias mais frequentes na infância são a leucemia,
tumores no sistema nervoso central e linfomas.
Diferente do câncer de adulto, o câncer na criança geralmente
afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação;
no adulto, afeta as células do epitélio, que recobrem os diferentes
órgãos (câncer de mama e de pulmão). Doenças malignas na infância
respondem melhor aos tratamentos terapêuticos atuais.
O diagnóstico e tratamento dos diferentes tipos de câncer, em
todas as idades, sofreram expressivos avanços nos últimos 20 anos.
Modernos métodos de imagem, análises bioquímicas e métodos de
biologia molecular permitem o diagnóstico apurado, acompanhamento
adequado e avaliação do prognóstico dos pacientes. O diagnóstico
precoce, aliado aos atuais métodos terapêuticos (radioterapia,
quimioterapia, cirurgia e transplante de medula óssea) leva a
índices de sobrevida progressivamente maiores em casos considerados
incuráveis até há pouco tempo.