O Estadão relata que uma coalizão de centros
médicos coordenada pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz iniciará na
segunda-feira um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina
em pacientes com quadros leves de infecção pelo coronavírus, mas
que fazem parte de algum grupo de risco da doença.
Segundo Álvaro Avezum, diretor do
Centro Internacional de Pesquisa do Oswaldo Cruz, o objetivo do
estudo é avaliar se o medicamento pode reduzir hospitalização e
complicações respiratórias em pacientes com covid-19 que, em um
primeiro momento, não foram internados por não apresentarem maior
gravidade.
Dados da literatura científica
mostram que 80% dos contaminados pelo novo coronavírus apresentarão
sintomas leves e não precisarão de internação. O risco maior de
complicação é registrado em grupos populacionais com sistema
imunológico mais frágil. Os voluntários deverão ser integrantes de
um dos seguintes grupos de risco: idosos, hipertensos, diabéticos
ou fumantes.
“São pacientes inicialmente com
sintomas leves, em tratamento ambulatorial, mas que têm um fator de
risco que pode levar a complicações futuras”, explica Avezum.
Participarão da pesquisa 1.300
pacientes – metade vai receber o medicamento por sete dias e a
outra metade tomará placebo pelo mesmo período. Todos serão
acompanhados por especialistas por um mês.
“Se conseguirmos achar um
tratamento que reduza as complicações e as hospitalizações, serão
menos leitos de UTI ocupados, menos respiradores sendo utilizados.
Teria um impacto positivo para o doente e para o sistema de saúde”,
destaca.
Alcance. Avezum conta que a
expectativa é incluir no estudo pacientes de cem hospitais
brasileiros, públicos e privados, em 50 cidades de 15 Estados do
País. “Já temos a confirmação de participação de 40 hospitais e
devemos começar a inclusão dos pacientes a partir da próxima
semana”, afirma o pesquisador, que vai coordenador o estudo. A
pesquisa já recebeu o aval da Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa (Conep).
O médico diz que a expectativa é de
que os 1.300 pacientes sejam todos recrutados no período de seis a
sete semanas. Depois disso, será necessário mais um mês de
acompanhamento. “No período de 10 a 12 semanas, acredito que já
tenhamos os primeiros resultados”, afirma.
Força-tarefa. O estudo é parte da
Coalizão Covid Brasil, iniciativa que reúne hospitais, instituições
de pesquisa e o Ministério da Saúde para testar possíveis terapias
contra o coronavírus. No fim de março, os hospitais Sírio-Libanês,
Albert Einstein e HCor já haviam anunciado outros três estudos
dentro da coalizão nos quais serão testados hidroxicloroquina,
azitromicina e dexametasona em pacientes internados. A estimativa é
que os resultados dos estudos com pacientes hospitalizados sejam
divulgados no período de dois a três meses.