Reportagem publicada pela Reuters informa que, embora haja um
mercado estimado em US$ 500 milhões para garantir satélites,
foguetes e voos espaciais não tripulados, ainda não há previsão ou
exigência legal para cobrir passageiros por lesões ou morte ou para
que turistas espaciais tenham cobertura vitalícia. A questão vem
sendo discutida no mercado internacional diante da “corrida” para
lançar os indivíduos mais ricos da Terra em órbita, disputa que
envolve os CEOs do Amazon, Jeff Bezos, da Tesla, Elon Musk e da
Virgin Galactic, Richard Branson. “O turismo espacial envolve
riscos significativos, mas não é uma questão que as seguradoras de
vida perguntam especificamente ainda, porque é raro alguém
viajar para o espaço”, comenta o porta-voz do Insurance Information
Institute (III), Michael Barry.
O
único seguro obrigatório em vigor para operadores espaciais
comerciais é a responsabilidade de terceiros, principalmente para
cobrir danos materiais na Terra ou em uma aeronave voadora, observa
Akiko Hama, executivo de clientes, subscrição espacial e
aeroespacial da Global Aerospace.
Já o
vice-presidente sênior de aviação e espaço da Marsh, Neil Stevens,
afirma não ter conhecimento de “um caso em que alguém esteja seguro
contra a responsabilidade dos passageiros”.
Por
sua vez, Richard Parker, da Assure Space, uma unidade da seguradora
AmTrust Financial, que fornece seguro espacial, destaca que tanto a
NASA quanto os EUA, em geral, não contratam seguros de
responsabilidade, com lançamentos governamentais basicamente
segurados pelos contribuintes.
A
informação é confirmada pelo gerente de subscrição de políticas
espaciais da seguradora Global Aerospace, Charles Wetton, segundo o
qual os astronautas em missões financiadas pelo governo são
cuidadosamente selecionados por seus conhecimentos, habilidades e
aptidão e treinam por vários anos antes da decolagem. “Eles e suas
famílias entendem os riscos do trabalho que fazem”, alega
Wetton.
Ele
acrescenta que os cadetes espaciais comerciais podem obter apenas
alguns dias de treinamento para um voo suborbital ou alguns meses
para uma viagem até a Estação Espacial Internacional (ISS), mas,
estes “representam dois perfis de risco muito diferentes que as
seguradoras levarão em conta”.
O
texto da reportagem lembra que o único grupo que tem voado
regularmente humanos suborbitamente desde a década de 1960 é a
Virgin, de Branson. Houve um uma falha em 2014 que causou a morte
de uma pessoa. Já a Blue Origin voou 15 voos suborbitais não
tripulados sem falhas.
A
Reuters tentou ouvir Bezos, Blue Origin e Virgin Galactic, mas
nenhum deles respondeu sobre eventuais planos de seguro e registros
de voo.
A
Blue Origin em seu site diz que o passageiro do voo espacial
receberá treinamento um dia antes do lançamento, incluindo visões
gerais de missão e veículo, briefings de segurança, simulação de
missão e instruções sobre atividades de voo.
A
Virgin Galactic disse que os participantes terão três dias de
treinamento e preparação antes do lançamento.
As
seguradoras esperam renúncias e contratos de empresas de viagens
espaciais comerciais, afirmando que não terão nenhum ônus se um
passageiro morrer durante um voo.
PEDIDO.
A
matéria revela ainda que a NASA pediu respostas da indústria para
seus planos para uma estrutura de responsabilidade para missões de
astronautas financiadas privadamente à ISS. Os planos da NASA
incluem exigir que astronautas privados comprem seguro de vida.
Assim, a cobertura para turistas espaciais pode ser o próximo
passo, projeta o vice-presidente sênior de espaço dos EUA, na
corretora de seguros Gallagher, Tim Rush. Segundo ele, o mercado de
seguros de vida atualmente já fornece cobertura individual de US$ 2
a 5 milhões para astronautas privados.
Em
tempo: a Blue Origin planeja que sua espaçonave de seis lugares
decole em 20 de julho e voe por quatro minutos além da fronteira
entre a atmosfera terrestre e o espaço sideral, onde os passageiros
experimentarão total ausência de peso.