A falta do medicamento coloca em risco pacientes que dependem de
um reconstituinte à base de citicolina usado principalmente em
sequelas de acidentes vasculares cerebrais. O laboratório que
abastecia as farmácias mantidas pelas prefeituras paulistas
paralisou a produção no segundo semestre de 2012 e a demanda não
foi suprida por outro fabricante.
O paciente Fabrício Machado, de Pilar do Sul, na região de
Sorocaba (SP), sofreu graves lesões no cérebro em razão de um
acidente ocorrido em 2008 e vinha apresentando melhora com o uso
regular do remédio, que acabou em janeiro. A dona de casa Aparecida
Machado, mãe de Fabrício, viajou até Sorocaba para buscar o
medicamento na rede pública de saúde, mas os estoques haviam
acabado. Ela conseguiu uma amostra grátis com um médico e vem
racionando o remédio, com o uso de doses menores.
Outra paciente da mesma cidade, Camila Costa, de 19 anos, teve o
sistema nervoso central afetado por complicações de um parto e
perdeu os movimentos e a fala. Com a medicação, apresentou
substancial melhora, segundo o médico que a atende. Ela recebia o
medicamento da prefeitura, mas há cinco meses as caixas deixaram de
ser encontradas. Alertados de que o quadro pode regredir sem a
medicação, familiares procuraram o produto nas farmácias, mas não
encontraram.
O laboratório informou ter tomado a decisão de suspender a
fabricação do medicamento em 2012, em razão da inconstância no
fornecimento de matéria-prima. O remédio à base de citicolina era
produzido em uma fábrica de Taboão da Serra, na Região
Metropolitana de São Paulo. De acordo com a empresa, a interrupção
ocorreu depois de várias tentativas para corrigir a situação, sem
sucesso. De acordo com o laboratório, existem outras opções de
tratamento que devem ser avaliadas pelos médicos.