A comissão mista que analisou medida provisória que criou o
Programa Mais Médicos (MP 621/13) aprovou, nesta terça-feira (1º),
o texto final elaborado pelo deputado Rogério Carvalho (PT-SE). A
medida provisória ainda precisa ser votada pelos plenários da
Câmara e do Senado.
O objetivo do programa é levar médicos para o interior do País e
para as áreas das periferias das grandes cidades onde há falta
desses profissionais. O governo oferece bolsas para curso de
especialização em atenção básica de saúde, inclusive para médicos
estrangeiros. A atenção básica à saúde engloba a prevenção de
doenças, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação do
paciente.
O relator fez várias mudanças no texto original enviado pelo
governo, mas manteve os artigos que estabelecem a bolsa de formação
de R$ 10 mil para os participantes do programa, sem qualquer
direito trabalhista, como 13º salário e contribuição para o Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Modificações
A forma de registro dos médicos vindos do exterior foi modificada
por Rogério Carvalho. O texto original da MP estabelecia que o
registro provisório seria feito pelos conselhos regionais de
medicina. O relator passou essa incumbência para o Ministério da
Saúde. Mas a fiscalização do trabalho dos participantes do programa
continua sendo feita pelos conselhos.
O relator também definiu que os médicos formados no exterior não
vão precisar revalidar o diploma para atuar no programa por até
quatro anos. O texto original da medida provisória previa a atuação
no programa por três anos, prorrogáveis por mais três, sem
revalidação.
Carvalho estabeleceu ainda uma avaliação de habilidades e atitudes
dos médicos em formação a cada dois anos. “Também criamos uma nova
modalidade de residência médica que vai servir de pré-requisito
para nós formarmos médicos com capacidade na área de urgência e
emergência, na área de atenção primária. Ou seja, de clínica, de
acompanhamento de pacientes crônicos, crianças, gestantes. Nós
criamos a possibilidade de uma avaliação para esses médicos
residentes também”, explicou.
O texto aprovado prevê a abertura de 11,8 mil vagas para residência
médica até o fim de 2018.
Sete dos oito destaques apresentados por integrantes da comissão
mista foram rejeitados e um deles foi acolhido pelo relator. O
destaque acatado, do deputado Eleuses Paiva (PSD-SP), mantém a
prerrogativa de sociedades de especialistas conferirem títulos da
respectiva especialidade após a aprovação do candidato em exames
específicos. A proposta do relator era que a residência médica
fosse a única forma de especialização dos médicos.
Novos cursos
O texto aprovado determina que o funcionamento e abertura de novos
cursos de medicina vão depender da implantação de diretrizes
curriculares nacionais que vão ser definidas pelo Conselho Nacional
de Educação.
A proposta do relator também cria o Fórum Nacional de Ordenação de
Recursos Humanos na Saúde, um órgão consultivo vinculado ao
Ministério da Saúde, formado por representantes do Conselho
Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), de entidades
representativas de caráter nacional dos profissionais de saúde, dos
conselhos profissionais das profissões de saúde, e dos ministérios
da Educação e da Saúde, entre outros.
“O objetivo é permitir ao governo discutir permanente com a
sociedade sobre o ordenamento dos recursos humanos na área de
saúde”, explicou Rogério Carvalho.
A Medida Provisória do Mais Médicos pode ser votada na Câmara já na
próxima semana. A MP passa a trancar a pauta do Plenário no dia 5
de novembro.
Críticas
O líder do Democratas, deputado Ronaldo Caiado (GO), criticou a
medida provisória. Ele questiona a contratação de médicos
estrangeiros sem que tenham que passar pelo exame de revalidação do
diploma que comprove o conhecimento e a capacidade de atuação
desses profissionais.
“Por que um médico que vai atender nos municípios que não têm
médicos tem que ser um médico que não tem a capacitação e a
qualificação? Por que o cidadão do setor rural e dos rincões
distantes do Brasil têm que ficar sob a tutela de um médico
desqualificado?”.
O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) classificou texto aprovado de “um
absurdo”. “Você está mexendo até em especialidade médica, quando
nós temos certeza de que essa questão dos médicos estrangeiros só
resolve um problema emergencial”, destacou. Na opinião do senador,
o que vai resolver o problema do País é um plano de carreira para
os médicos e a aprovação da proposta que destina 10% da receita
corrente bruta da União para o financiamento público da saúde.