Os planos de saúde médico-hospitalares registraram, em março, o número mais baixo de clientes em Campinas (SP) desde setembro de 2012, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A pesquisa mostra que as operadoras perderam 60 mil clientes em 12 meses, entre eles, 11,1% durante o primeiro trimestre deste ano.
Segundo o estudo, a cidade tinha 605,2 mil beneficiários em março - total que representa pelo menos 51,9% da população de 1,1 milhão de habitantes. O cliente considerado na pesquisa foi o titular do plano e ele pode ter mais pessoas vinculadas como dependentes, informou a ANS.
Os planos chegaram a ter 665,2 mil clientes em março de 2015, entretanto, ocorreram quatro quedas consecutivas na quantidade, de acordo com a agência. Os dados são trimestrais.
Desemprego gera perdas
A redução de clientes nas operadoras de plano de saúde ocorre em meio à recessão e ao aumento do desemprego no país, que ficou em 10,9% durante o primeiro trimestre, informou o IBGE.
Segundo a ANS, desde março do ano passado as operadoras perderam 6,5 mil beneficiários de Campinas que usavam planos individual ou familiar; sendo que 37,5 mil destes eram contemplados no pacote coletivo empresarial; além de 15,3 mil até então atendidos em planos coletivo por adesão.
"É difícil garantir que haverá novas quedas, mas os sinais econômicos não indicam melhora a curto prazo. Se houver aumento de desemprego, também haverá impacto nos planos. Por enquanto, somente para 2017 é possível esperar alguma melhora", avaliou o superintendente-executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Carneiro.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Campinas acumulou 193,4 mil demissões no período avaliado, ante 174,1 mil admissões. Com isso, 19,2 mil vagas foram fechadas. Para o IESS, o preço dos planos não deve variar por causa dos reflexos gerados pela crise financeira.
"Nenhuma empresa tem interesse em vender seu plano mais caro do que um concorrente e perder mercado. Além disso, os custos dos planos de saúde crescem de forma contínua há muitos anos. Nesse contexto, parece ser muito difícil o plano conseguir reduzir os valores dos preços e também não deve haver grandes altas", explicou Carneiro.
Considerando-se as 20 cidades da Região Metropolitana (RMC), os planos perderam 100,3 mil clientes desde março do ano passado - 15,4 mil neste primeiro trimestre, informou a ANS.
Beneficiários de assistência médica em Campinas |
Plano/período | Individual ou familiar | Coletivo empresarial | Coletivo por adesão |
março/2015 |
145.997 |
423.666 |
92.997 |
março/2016 |
139.476 |
386.146 |
77.678 |
Resultado |
- 6.521 (4,4%) |
- 37.520 (8,8%) |
- 15.319 (16,4%) |
Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar |
Reflexos no SUS
Segundo a Prefeitura, a rede pública de Campinas registrou alta de pelo menos 10% na procura de serviços, em virtude da quantidade de moradores que deixaram de ter planos de saúde. Em nota, o secretário municipal de Saúde, Cármino Antonio de Souza, defendeu que medidas estruturantes estão sendo desenvolvidas para acomodar este aumento e qualificar a demanda.
“Apesar de todas as dificuldades econômicas e assistenciais que possamos ter, devemos manter nossas portas abertas, já que a saúde é universalizada”, informa texto do secretário.