Cordaptive sairá do mercado após 'incidentes cardiovasculares' em testes.Droga não tinha liberação nos EUA, mas era vendida em locais como Brasil.
O grupo farmacêutico americano Merck, conhecido fora dos EUA e do Canadá como Merck Sharp & Dohme (MSD), anunciou na sexta-feira (11) que vai retirar do mercado mundial o medicamento Cordaptive – vendido no exterior com o nome de Tredaptive –, cuja função é baixar o colesterol ruim (LDL) e aumentar o bom (HDL).A decisão foi tomada após a ocorrência de incidentes cardiovasculares em testes com pacientes feitos por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, a pedido da farmacêutica. Segundo comunicado da Merck, a suspensão das vendas também segue uma recomendação do Comitê de Avaliação de Risco de Vigilância Farmacológica da Agência Europeia de Medicamentos (Emea).O Cordaptive não estava homologado nos EUA, mas havia sido aprovado pela Emea em 2008 e era vendido em 40 países, como o Brasil, onde era comercializado desde o segundo semestre de 2009. Por aqui, segundo a Merck, cerca de 1.500 pacientes tomam esse composto, que é feito de vitamina B3 (niacina) e de uma substância chamada laropipranto, responsável por minimizar os efeitos vasodilatadores da niacina.A empresa destaca que essas pessoas não podem trocar o remédio por estatina pura, razão pela qual precisam procurar um médico para uma nova indicação. Também podem entrar em contato com a empresa pelo seu Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), no número 0800 01 22 32. Já os profissionais que estão acostumados a prescrever o Cordaptive devem mudar de tratamento.AMerck informou a medida à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na sexta-feira e "está tomando todas as providências para comunicar sua decisão à comunidade médica, distribuidores e farmácias no Brasil".
Resultados ruins em estudoNo comunicado, a Merck detalha que "adota essas medidas após resultados preliminares de um estudo chamado HPS2-Thrive" para avaliar o impacto do medicamento em incidentes cardiovasculares, como doença coronariana, ataques cardíacos não fatais, derrames e problemas de fluxo sanguíneo no coração.O HPS2-Thrive"não atingiu o objetivo de reduzir incidentes cardiovasculares maiores" e, inclusive, provocou um "aumento signficativo do ponto de vista estatístico" de ocorrências "sérias, mas não fatais" em um grupo que tomou o remédio, comparado a outro "tratado com estatinas".