Melhores empresas para trabalhar em Saúde registram concorrência acima da média, revela estudo GPTW e IT Mídia
Formado há até pouco tempo na maioria por empresas familiares, o mercado de saúde se desenvolveu e se profissionalizou. Além de aumentar a competitividade entre os que integram o setor, esse movimento trouxe a necessidade de ter profissionais alinhados ao novo cenário. Embora seja uma exigência recente, a indústria farmacêutica já vem caminhando nesse sentido desde os anos 80, quando várias empresas multinacionais do setor abriram capital em bolsa de valores. Começava ali a necessidade de ter profissionais técnicos científicos com expertise de gestão e negócios. Essa tendência hoje se vira para o mercado clínico e isso se reflete principalmente nos processos de recrutamento e seleção das empresas.
Embora a oferta seja enorme – o estudo GPTW Saúde mapeou que, para cada vaga aberta em saúde, há 113 candidatos –, e constatou também que a capacidade de gestão e administração ainda é falha. De acordo com o headhunter para o mercado de saúde da Michael Page, Raphael Revert, encontrar profissionais que aliam o conhecimento técnico e a capacidade de gestão é o maior desafio. “Se olharmos a fotografia do Brasil hoje temos bons profissionais com ótimo gabarito técnico, só que o curso de saúde não prepara o profissional para administração. Atualmente temos uma média de 35% dos candidatos para uma vaga com esse perfil”, aponta.
Qualificando
Se por um lado temos um mercado clínico absorvendo profissionais provenientes da indústria com conhecimento de gestão e administração, por outro vemos um esforço do próprio setor no sentido de treinar seus talentos. É o caso da Unimed Federação Minas, 12° lugar no ranking. Para driblar a baixa qualificação do mercado brasileiro, a empresa realiza treinamento de 12 horas ao ano para cada contratado em sua específica área. Além disso, a cooperativa tem a Fundação Unimed para oferta de cursos de MBA, pós-graduação, e-learning para médicos, entre outros. O presidente Marcelo Monteiro explica que o processo de seleção leva em consideração tanto a competência para a função quanto a qualificação. “Como os candidatos qualificados são minoria, acabamos recrutando pela competência e habilidade de lidar com as outras pessoas. Aí qualificamos aqui dentro”, explica.
O grupo baiano Natulab, que desenvolve medicamentos e possui mais de 700 colaboradores, tem uma área voltada a receber currículos, o que tem gerado uma alta demanda de candidato para cada vaga anunciada. Valorizar o profissional da casa é a principal estratégia, segundo Marconi Sampaio, presidente do laboratório que ocupou o 16° lugar na GPTW.
Além de oferecer uma remuneração compatível com o mercado regional, a empresa oferece entre seus benefícios programas de incentivo ao desenvolvimento do atual funcionário. “É a política de valorização da prata da casa. Um indivíduo que entra como auxiliar de produção, por exemplo, um dia pode vir a ser um gestor, desde que ele queira se desenvolver”, explica.
A escassez de candidatos qualificados também é um empecilho para o laboratório Kley Hertz, de Porto Alegre, referência em OTC (medicamentos isentos de prescrição médica). Dono da 21° posição no estudo, a companhia oferece treinamento de formação de operadores de máquinas e de manipuladoras, desde 2013, para driblar o fraco qualificação dos candidatos. O foco é ter funcionários preparados e comprometidos. “Acreditamos que investindo na nossa equipe, teremos pessoas mais qualificadas, engajadas e comprometidas”, pontua o diretor de RH Geraldo Hertz.