O cenário nacional de Saúde Suplementar tem
demonstrado não apenas uma tendência, mas a efetiva redução do
número de operadoras de planos de saúde, com uma redução de 822
operadoras no período de 2000 a 2010, segundo cadernos da ANS; com
isso de 2003 existem apenas 1181 em operação e dentre essas, 1053
são operadoras com até 20 mil vidas em suas carteiras.
Esse cenário se apresenta com um pequeno número de grandes
operadoras com mais de 100 mil vidas e um grande numero de pequenas
operadoras com baixa quantidade de clientes, com isso observa-se um
fenômeno contraditório nas duas extremidades (pontas). Na parte
superior do sistema encontra-se o efeito da expansão, tal o que
ocorre com o Universo, ou seja, a evolução constante, enquanto na
parte de baixo encontra-se o efeito de retração obedecendo a lei da
gravidade analogamente a força de atração do Universo.
Comparando os efeitos desse fenômeno das Leis que regulam o
Universo com as leis econômicas do Sistema de Saúde Suplementar,
pode-se afirmar, sem qualquer dúvida cientifica; ou se alcança o
equilíbrio entre essas variáveis, ou a prevalência de um sobre o
outro trará danos incomensuráveis e inimagináveis para s
sobrevivência do próprio sistema de Saúde Suplementar.
No extremo superior, as fusões, incorporações e alienações de
carteiras certamente levará a uma mega expansão de algumas poucas
operadoras, que certamente cartelizarão todo o sistema e exercerão
pressão no mercado e inclusive nos órgão reguladores. É preciso
questionar se essa expansão será salutar para a população cliente
de planos de saúde. Será que teremos um novo modelo bancário, ou de
telecomunicações, agora na área da Saúde.
Por outro lado as pequenas operadoras com poucos clientes tendem a
se colapsarem e pela força da atração das grandes serem fagocitadas
e deixarem de existir? Ou será possível buscar uma alternativa de
equilíbro assemelhando as constantes que equilibram e mantém o
Universo.
Dentre as 1053 pequenas operadoras com menos de 20 mil usuários
encontram-se 190 operadoras Unimed e uma infinidade de operadoras
filantrópicas que atuam nas extremidades do sistema em regiões
pouco densas e de menor poder econômico, portanto muito vulneráveis
e sujeitas aos impactos da regulamentação e da oscilação do
mercado.
Com esse cenário urge a adoção de estratégia que possibilite a
continuidade do sistema nessa extremidade, mas para isso é
imprescindível que se planeje um novo modelo de subsistência para
essas pequenas operadoras do interior do país. É mister que as
lideranças do Sistema Unimed bem como do sistema filantrópico
percebam e ajam rapidamente no sentido de construir esse novo
desenho.
O Sistema Unimed já está estudando e aplicando de forma pontual o
modelo de Operadora e de Prestadora em determinadas regiões, como
no caso da Federação de Santa Catarina e da Federação Centro Oeste
e Tocantins. Além do modelo da Unimed de Belo Horizonte e do modelo
da Federação de Minas Gerais com a proposta de " Operadoras em
Sociedade". Porém, ainda são poucos os exemplos no sistema
Unimed.
Recentemente na 40º Convenção da Unimed Brasil foi realizado um
Workshop especialmente para tratar desse tema, o que demonstra a
preocupação e o interesse com o assunto, de forma que se possam
buscar soluções equilibradas, rápidas e eficazes para sobrevivência
dessa gama de pequenas operadoras do sistema Unimed.
Há muito tempo, quando militava efetiva e arduamente na formação do
sistema de saúde suplementar, formando operadoras locais e buscando
um modelo genuíno para o setor filantrópico, já defendia a
construção de uma rede de gestão compartilhada com plataforma de
serviços compartilhados e o denominava de PROJETO COLMEIA, de tal
forma que regionalmente fosse possível diversas operadoras
filantrópicas atuarem conjuntamente com compartilhamento de
serviços, para que pudesse padronizar processos, sistemas
gerenciais informatizados, tabelas, compras, contabilidade, gestão
de despesas administrativas, e outras.
Além desse PROJETO COLMEIA para operadoras filantrópicas de Plano
de Saúde defendia também a expansão dessa plataforma de serviços
para todos os hospitais de uma região ou estado, sugerindo a
construção do CIS - Centro Integrado de Gestão em Saúde, de tal
modo que fosse possível compras conjuntas, sistemas efetivamente
integrados e tantos outros serviços que podem e devem ser
compartilhados com o fito de redução de custos e de padronização de
processos.
Hoje a necessidade desse compartilhamento é essencial para a
sobrevivência das operadoras e dos hospitais de recursos próprios
do Sistema Unimed e do Setor filantrópico da saúde. A recomendação
de modelo é a mesma para os dois segmentos sociais da saúde:
Cooperativas e Filantropia
O momento é agora de se pensar, planejar e executar efetivamente um
novo modelo de gestão que possa compartilhar processos, serviços e
reduzir custos e ao mesmo tempo ampliar o espaço para a
possibilidade da gestão integrada e no futuro muito breve partir
para os processos de fusão e integração nesse setor social da saúde
suplementar, preparando-se para, onde for possível, Operadoras
regionais com Prestadoras locais ( antigas operadoras).
Com isso evitar o efeito maciço, triturador e constrangedor de
Direção fiscal, alienação e liquidação pela ANS, prevenindo-se
também contra o efeito de rolo compressor de fagocitação, rendição
compulsória, alienação e de fusão indesejada feitas pelas maiores
sobre as operadoras menores.
Cabe as lideranças de esses segmentos perceberem esse cenário e
buscarem soluções, e cabe aos pensadores estratégicos
articularem-se entre si e desenvolverem a solução para esses
segmentos mediante, processo inicial de gestão compartilhada e
posterior integração ou operadoras em sociedade. Cabe ainda aos
técnicos adequar e implantar soluções compartilhadas e ou
integradas especificas para cada região.
Sem duvida o setor de saúde suplementar está mudando rapidamente e
torna-se necessário que esse processo de mudança seja planejado e
dirigido com coerência, sem o que, fatalmente teremos muito choro e
ranger de dentes.