A morte do empresário Luiz Roberto Silveira Pinto deixou um rastro de dúvidas e incertezas sobre o futuro da operadora Samcil, que enfrenta grave crise financeira. Clientes da rede na região já reclamam de dificuldades no atendimento e atestam, inclusive, que atualmente apenas procedimentos emergenciais são realizados nas unidades do grupo.
São casos como o do aposentado Angelo Andreatta Gemonesi, 62 anos, que precisou pagar R$ 6.000 por uma cirurgia altamente complexa. Em outubro, ele passou por um procedimento na rede que ocasionou má cicatrização dos vasos, o que tornou indispensável uma cirurgia reparadora. "Tentamos desde então agendar um outro cirurgião para refazer a operação e corrigir o problema. Por duas vezes marcamos tudo, chegamos no hospital e tivemos de voltar para casa por falta de pagamento aos médicos. No mês passado, o Angelo teve uma hemorragia e pagamos do bolso para evitar complicações ainda maiores", reclama a mulher do aposentado, Marilene Iglesias Oliveira.
O Procon de Santo André, cidade onde a empresa foi criada, diz que as reclamações são recorrentes, mas não houve nos últimos tempos crescimento no número de registros. Com isso, a diretora do órgão, Ana Paula Satcheki, orienta consumidores a procurar a ANS (Agência Nacional de Saúde) e a entidade para registrar qualquer problema.
"Precisamos mapear a situação, saber se houve descredenciamento de médicos e ajudar a resolver os casos prioritários. Neste momento, o melhor que o consumidor pode fazer é buscar esse apoio", diz.
A ANS confirma que a empresa enfrenta problemas e passa por intervenção - denominada direção fiscal - desde janeiro, quando a entidade enviou um profissional para acompanhar todos os balancetes de contas do grupo. Até aqui, sabe-se que a operadora perdeu quase metade da carteira de clientes nos dois últimos anos e possui dívidas avaliadas em R$ 70 milhões.
Para tentar corrigir a situação, o grupo colocou à venda três unidades: duas em Santo André e uma em Santo Amaro, avaliadas em R$ 130 milhões.
Mesmo com o fantasma da falência batendo à porta, a rede explica em nota que "A Samcil continua executando seu projeto de recuperação financeira com a venda de ativos e não procede a informação de falta de assistência aos associados. A empresa tem procuradores que dão continuidade nos processos de atendimento. "
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