As tarifas de seguro de bens e
responsabilidades (P&C) registraram entre abril e julho seu 13º
trimestre consecutivo de quedas. Mas o ritmo das reduções
apresentou moderação, a exemplo do que aconteceu no primeiro
trimestre deste ano. É o que informa o mais recente relatório
global de preços de seguros da corretora Marsh. Segundo a empresa,
em todo o mundo, os preços das coberturas de seguro caíram em média
3,6% no segundo trimestre.
Entre janeiro e março, a queda
havia sido de 3,8%.A continuidade do longo mercado brando, ainda
que com quedas menos acentuadas, adiciona um elemento de pressão
sobre os resultados das seguradoras globais, que apresentaram
deterioração no primeiro semestre.Nas últimas semanas, várias
empresas divulgaram lucros menores entre janeiro e junho, na
comparação com o mesmo período do ano passado.
A deterioração se deve não só aos
efeitos das quedas de preços sobre o faturamento das seguradoras,
mas também a uma alta da sinistralidade catastrófica no segundo
semestre e as baixas taxas de juros nos países desenvolvidos, que
afetam a performance de seus investimentos.Por regiãoA América
Latina foi uma das regiões que apresentaram as quedas de preço mais
modestas: 2,9%. Apenas o mercado europeu, excluindo o Reino Unido,
teve reduções menos significativas (2,6%).Na Ásia, os preços caíram
uma média de 3,4%, nos Estados Unidos, de 3,9%, e no Reino Unido,
de 4,8%.Das cinco regiões, apenas os Estados Unidos tiveram uma
queda mais acentuada no segundo trimestre do que no primeiro. Na
América Latina, os preços haviam caído 5,5% entre janeiro e março,
segundo a Marsh.As coberturas de property tiveram uma queda de
preço média de 4,5% no segundo trimestre, a mais elevada entre as
categorias avaliadas pela Marsh.
Ainda assim, o ritmo de redução foi
bem inferior ao do primeiro trimestre (-5,6%) e ao do quarto
trimestre de 2015 (-7,6%).As linhas de responsabilidade civil
fecharam o trimestre com uma redução média de 2,9% nas renovações
dos programas, contra -2,4% nos três meses anteriores.
Já entre as linhas financeiras a
queda no segundo trimestre foi de 3,1%, contra 2,4% no trimestre
anterior.A Marsh também observou uma moderação do ritmo de aumento
de preços para coberturas de riscos cibernéticos nos Estados
Unidos, uma linha que vai contra a tendência geral do mercado
devido a uma explosão da demanda por clientes corporativos.No
primeiro trimestre, os preços de seguros cibernéticos haviam
aumentado uma média de 12%, e no final de 2015 o ritmo de aumento
havia se aproximado de 17%. Mas entre abril e julho o incremento
das tarifas se reduziu a 6,9%, de acordo com a
corretora.ResultadosA exemplo das resseguradoras, as duras
condições do mercado estão afetando a performance das seguradoras
globais.A Allianz Global Corporate & Specialty viu seu lucro
operacional cair de 158 milhões de euros entre janeiro a junho de
2015 para 114 milhões de euros no mesmo período de 2016, em grande
medida devido ao aumento das perdas catastróficas naturais.Os
prêmios caíram de 4,48 bilhões para 4,25 bilhões de euros no mesmo
período, enquanto que o índice combinado chegou a 102,9%.
A americana AIG teve um lucro
líquido de US$ 1,1 bilhão no segundo trimestre, comparado com US$
1,9 bilhão no mesmo período do ano passado. Mas a atividade de
seguro P&C teve uma queda de 34% nos lucros.As perdas
catastróficas aumentaram 69%, e o volume de prêmios caiu 21%, ainda
que a seguradora tenha argumentado que este último número reflete
sua estratégia de enxugar as suas operações.A australiana QBE teve
um lucro 46% menor, em grande parte devido a um aumento do volume
de perdas sofridas por grandes clientes na Austrália, Nova Zelândia
e Estados Unidos.Na América Latina, porém, a empresa reportou um
aumento de prêmios de 16%, com o Brasil e a Argentina como os
principais destaques. No Brasil, os prêmios cresceram 32% no
primeiro semestre, afirmou a empresa, com a área de seguros de
viagens aparecendo como destaque.Já a Zurich apresentou melhores
números do que em 2015, no que analistas interpretaram como sinais
de melhoras para uma empresa que passou momentos complicados no ano
passado.A empresa fechou operações em países como o Marrocos,
Taiwan e África do Sul e está passando por um processo de
reestruturação de suas atividades.
Mas a empresa afirmou que o negócio
latino-americano da empresa está se beneficiando de um aumento do
volume de prêmios, especialmente no Brasil.O negócio segurador do
grupo suíço teve um lucro operacional de US$ 663 milhões no
primeiro semestre, comparado com US$ 460 milhões no mesmo período
do ano passado. A unidade de seguros corporativos viu seu lucro
operacional atingir US$ 273 milhões, como o índice combinado caindo
de 113,9% no final de 2015 para 99%.A Axa reportou um crescimento
de 3% no seu volume de prêmios P&C, incluindo 9% de evolução em
mercados emergentes. O índice combinado do negócio não-vida passou
de 96,9% para 98,2%.